Na segunda-feira (11), comemora-se o Dia do Médico Infectologista. A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) instituiu a data em alusão ao nascimento de Emílio Ribas, renomado infectologista atuantes no campo das doenças infecciosas e pioneiro no estudo e cura das insetologias no país. 

Além além de se solidarizar com as pessoas que se infectaram pelo coronavírus, a Agência Aids presta sua homenagem a todos os infectologistas e profissionais de saúde que estão na linha de frente combatendo os efeitos da Covid-19.

Confira abaixo o perfil de dois profissionais que também estão, há anos, à frente da luta contra o HIV/aids:

Dra. Marinella Della Negra, referência nacional no tratamento de crianças com aids

Dra. Marinella Della Negra nasceu na cidade de Borgosesia, na Itália, e naturalizou-se brasileira. Médica efetiva do Instituto de Infectologia Emílio Ribas. Ela começou a trabalhar com crianças que vivem com HIV em 1985, quando aceitou acompanhar pela primeira vez um bebê soropositivo recusado por outras equipes já que, até então, pouco se conhecia sobre os tratamentos da doença e suas formas de transmissão.

A partir daí, Marinella se dispôs a pesquisar a aids pediátrica e a procurar informações com especialistas, em revistas e em instituições internacionais. Os casos seguintes de crianças HIV positivas foram encaminhados a Marinella, que passou a se dedicar quase que exclusivamente ao número sempre crescente de pequenos pacientes.

Aos poucos, formou uma equipe dedicada e especializado no tratamento de crianças soropositivas.

Em 1989, ela conseguiu doação em dinheiro de uma empresa que repassava verbas para organizações não-governamentais dedicadas ao tratamento de soropositivos e decidiu então fundar uma dessas entidades, que chamou de Associação de Auxílio às Crianças Portadoras de HIV.

Além de ajudar os doentes, fornecendo remédios, cuidando de seu encaminhamento a hospitais e ambulatórios, e de transmitir informações sobre a doença a pacientes e suas famílias, a ONG criada por Marinella também organizou o primeiro encontro sobre aids pediátrica no Brasil.

A agora Associação de Auxílio à Criança e Adolescente Portador de HIV presta acolhimento e financia faculdade de 19 adolescentes que vivem com HIV. “Nós éramos apenas médicos, não sabíamos nem como íamos fazer [para manter uma associação e usar o dinheiro de forma correta”, relembra. “Vimos também que precisaríamos de dinheiro para ajudar a manter as famílias [dos doentes de Aids]. Porque era uma época em que não tinha remédio. As mães estavam muito doentes, não podiam trabalhar; os pais também.”

“Já que participei do crescimento deles, agora gostaria que eles ficassem bem na sociedade, que tivessem um bom papel nela. Para isso, têm de se incluir, têm de fazer aquilo que eles gostariam de fazer, que é estudar, trabalhar. Talvez o meu papel agora e o meu sonho sejam conseguir levá-los até o ponto em que sejam capazes de gerenciar as próprias vidas e ajudar outras pessoas. Esse talvez seja o meu fim.”

Ésper Georges Kallás, à frente dos maiores centros de pesquisa

Ésper Georges Kallás é médico infectologista e imunologista, professor e pesquisador. Descendente de libaneses, nasceu na cidade de Itajubá, em Minas Gerais. É o responsável pelo PrEP Brasil na USP (Universidade de São Paulo), estudo desenvolvido com voluntários a fim de testar a eficiência da profilaxia pré-exposição ao HIV. Esteve também à frente do iPrEx, projeto multicêntrico internacional de avaliação de estratégia da mesma profilaxia.

É o investigador principal da unidade de pesquisa clínica que realiza estudos de novas drogas e vacinas terapêuticas e preventivas (“São Paulo Clinical Trials Unit”), em parceria com o CRT. Esta unidade é referência internacional para realização de estudos de vacinas contra o HIV.

Concluiu mestrado e doutorado em doenças infecciosas e parasitárias pela Universidade Federal de São Paulo (1996 e 1999, respectivamente) e defendeu o título de Livre-Docente pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo em 2009, onde atualmente é professor colaborador.

Sobre a luta contra o HIV, Ésper conta que a discriminação é um elemento constante nas vidas dos pacientes de seus pacientes, inclusive no meio médico. “Muitos colegas não gostavam de tratar de pacientes com aids”, conta. Além do risco de contaminação, a ideia de “trabalho em vão” era outro fator levantado pelos profissionais. “Havia uma noção de que por mais que você lutasse pela vida de alguém, ele acabaria sucumbindo”.

 

Redação da Agência de Notícias da Aids