29/01/2014 – 16h30

Condecorada no final do ano passado com o Prêmio Direitos Humanos, recebido das mãos da presidenta Dilma Rousseff, a militante travesti Keila Simpson está comemorando em Porto Alegre o Dia Nacional da Visibilidade Trans, nesta quarta-feira, 29 de janeiro. Segundo ela, a criação da data, há dez anos, foi essencial para ampliar a discussão dos direitos dessa população. “Em 2014, a busca é pelo nome civil”, afirma a ativista.

“Escolhemos esta bandeira por entender que o respeito ao nome civil de todas e todos é luta primordial. Queremos ser reconhecidas e reconhecidos, segundo o nome que escolhemos”, enfatiza Keila, que exerce hoje o cargo de secretária de Comunicação e Assuntos Internacionais da Articulação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), entidade que reúne mais de 170 ONGs em todo o país.

Além do nome, a ativista destaca a visibilidade positiva e o combate à transfobia como pautas do movimento trans para 2014. “A visibilidade positiva é trazer a mensagem que queremos, ou seja, sermos vistas e compreendidas como somos, sem falsos moralismos ou coisa que o valham, pois quando essa população é visibilizada quase tão somente mostram o lado negativo da história”, comenta. “Protestaremos também contra a violência que impera na nossa população, tanto a letal como a social, pois elas acabam impedindo que essas pessoas sigam suas vidas e as afastam dos serviços básicos, como acesso à saúde, emprego e educação”, acrescenta.

Para se chegar a estes objetivos, as afiliadas da Antra estão realizando várias ações locais e regionais.

Em Recife, as atividades foram iniciadas no dia 26 de janeiro com um espetáculo intitulado “Entre Cantoras e Vedetes”, que busca mostrar o talento da população trans. Ocorrem também, na capital pernambucana e em outras cidades do interior do estado, seminários, exposições, rodas de diálogos e saraus.

Na região sul, o ponto central das ações é em Porto Alegre, onde está Keila para o Fórum Social Mundial e para a Semana da Visibilidade Trans, que conta com intervenções noturnas em locais de trabalho das travestis, visita em caravana a duas Unidades de Saúde da Família para trabalhar com o acesso universal nesses locais, manifestações e distribuição de material informativo.

Em São Paulo, a SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco, instituição da Secretaria de Estado da Cultura, promove, de 27 a 31 de janeiro, o SP TransVisão II – Semana da Visibilidade de Travestis e Transexuais. Gratuito, o evento tem como objetivo fomentar o debate acerca da diversidade sexual, por meio de mesas de discussão e atividades artísticas como espetáculos teatrais, exibição de filmes, shows e exposição fotográfica.

Prêmio Direitos Humanos

Promovido pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, o prêmio consiste na mais alta condecoração do governo brasileiro a pessoas físicas ou jurídicas que desenvolvam ações de destaque na área dos direitos humanos.

Em 2013, na 19ª edição do prêmio, Keila ganhou a premiação por sua atuação diária em defesa da comunidade de travestis e transexuais na categoria Garantia dos Direitos da População LGBT.

Redação da Agência de Notícias da Aids