No Brasil e no mundo, as mulheres ainda enfrentam grandes desafios no campo profissional. O país caiu 26 posições na classificação do Índice Global Global de Desigualdade de Gênero, de 2006 a 2021. Sua classificação mais recente é 93 em relação à igualdade salarial entre homens e mulheres que exercem funções semelhantes, em um ranking com 156 países. 

Isso significa que as mulheres enfrentam um cenário de desigualdade e discriminação no mercado de trabalho. E mesmo com toda essa desigualdade, elas se dedicam, se entregam e deixam sua marca na luta contra a aids. No mês em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, a Agência Aids está publicando uma série de histórias de mulheres admiráveis que têm se destacado nesses 40 anos de pandemia. 

Conheça a seguir a médica Rosana Del Bianco, a jornalista e ativista Alessandra Nilo e a advogada Kelly Aguilar.

 

Ela atendeu os primeiros pacientes de aids no Instituto Emílio Ribas

Rosana Del Bianco possui mestrado em Saúde Pública pela Coordenação dos Institutos de Pesquisa(2004). Atualmente é Diretora da Internação do Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids do Estado de São Paulo, Assessora Clínica do Programa Municipal de da Secretaria Municipal da Saúde São Paulo e Responsável pelo Programa de Genotipagem da Secretaria da Saúde do Município de São Paulo. Tem experiência na área de Medicina. Atuando principalmente nos seguintes temas: Sorodiagnóstico Aids, Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, Transmissão vertical de doenças infecciosas, Infecção do HIV, Cuidados Pré-natal.

Para Rosana, o advento da Aids humanizou o atendimento médico no Brasil e mostrou que os profissionais de saúde não são “imortais”. “Ser médico é passar por um caminho muito tortuoso. Um bom profissional deve gostar do que faz, estudar, estar sempre atualizado e gostar do próximo”, diz.

Uma das pioneiras no atendimento a pessoas vivendo com HIV no Brasil,  a médica trabalhou no Instituto de Infectologia Emílio Ribas. Foi no local que ela teve contato com os primeiros doentes de aids e conheceu Paulo Teixeira, fundador do Programa Estadual de DST/Aids. “Nessa época (1983) nós também éramos estigmatizados. As pessoas tinham medo, achavam que aqueles que tratavam pacientes com aids eram infectados também”, conta.

Rosana Del Bianco ajudou a fundar o primeiro Hospital Dia em aids no país em 1986, dentro do CRT. “Nós ‘desospitalizamos’ os doentes com aids, foi um grande salto. Outros profissionais que vinham fazer um treinamento com a gente se impressionavam, foi uma mudança significante, graças ao tratamento e atendimento”, lembra.

A médica infectologista também já trabalhou no Ministério da Saúde e fez treinamentos para outros profissionais de Saúde no CRT e na África, em Moçambique. 

 

Alessandra Nilo estabelece ligações entre o movimento de aids e os movimentos de mulheres

Alessandra Nilo nasceu em 25 de agosto de 1967 em Paulo Afonso, Bahia, Brasil. Possui graduação em Jornalismo e Comunicação Social pela Pontifícia Universidade Católica de Pernambuco (1990) e especialização em Comunicação e Saúde pela Universidade da Califórnia, Santa Cruz (EUA), 1995. Possui pós-graduação em Relações Internacionais na Faculdade Damas, em Recife, com monografia sobre Participação da Sociedade Civil nos processos dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável na ONU (2016).Além de jornalista, é também roteirista e cineasta.

É coordenadora geral e uma das fundadoras da Gestos – HIV e AIDS, Comunicação e Gênero, uma organização não governamental criada em 1993, em Recife, Brasil, onde vive.  Desde 2001 representa a sociedade civil brasileira na Sessão Especial da Assembleia Geral das Nações Unidas sobre Aids (UNGASS-AIDS), em Nova York – construindo articulações nacionais e internacionais que elevaram a atenção dada a políticas internacionais, como orientação para o monitoramento de políticas e ações nacionais e locais. 

Desenvolveu, em 2003, a plataforma do Fórum UNGASS-AIDS no Brasil, que mais tarde foi expandida (2007-2012) para dezesseis países da Ásia, África e Caribe e foi usada como uma ferramenta de advocacy e pesquisa para apoiar uma rede Sul-Sul de ativistas de aids e mulheres no campo da saúde e direitos sexuais e reprodutivos. Alessandra atuou como coordenadora geral e facilitadora do projeto, construindo uma rede interdisciplinar da sociedade civil em todos os países envolvidos. Representou a sociedade civil nas delegações nacionais brasileiras nas Reuniões de Alto Nível sobre o HIV e participou de delegações da Comissão sobre o Status da Mulher, da Comissão sobre População e Desenvolvimento e das negociações da Agenda 2030 na ONU.

Além disso, ela se empenhou para promover a integração de políticas globais de direitos de saúde sexual e reprodutiva em uma plataforma de desenvolvimento multissetorial para combater a aids em nível nacional, e dedicou seu tempo a melhorar e aumentar a influência das mulheres nos processos de tomada de decisão de políticas de aids em níveis, local, nacional e internacional. Alguns de seus esforços têm se concentrado em conseguir uma maior e mais qualificada participação dos grupos de aids na promoção e vigilância do Plano de Ação do Cairo.

Seu trabalho ajudou a estabelecer ligações entre o movimento da aids e os movimentos de mulheres, local e internacionalmente. 

Nos últimos anos, ela fez várias consultas ao UNAIDS, inclusive apoiando a criação de uma Ferramenta de Avaliação de Gênero, projetada para ser implementada em 56 países em todo o mundo. Este trabalho também incluiu o planejamento de vários workshops no Caribe, Ásia e África. Em 2015 e 2016, ela foi consultora das Nações Unidas para implementar treinamento multissetorial e apoiar revisões nacionais sobre a transição para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e a Agenda 2030. 

 

Aliada da luta contra a aids no mundo corporativo

Kelly Aguilar é responsável pela área de relações governamentais da MSD Farmacêutica (Merck & Co.), com forte atuação em temas ligados à formulação de políticas públicas, defesa da propriedade intelectual, atração de investimentos para o país, além do foco em pesquisa, desenvolvimento e inovação.

Kelly é advogada e tradutora, com especializações em Propriedade Intelectual pela FGV-SP e em Processo Civil pela PUC-SP. Alumni da primeira turma de Relações Governamentais do INSPER (2013).

É também sócia-fundadora do IRelGov – Instituto de Relações Governamentais, tendo atuado como Vice-Presidente, Presidente e, atualmente, Conselheira. Fazem parte de seu aprendizado, entre vários outros, o Degree Graduate School of Political Management, na Georgetown University, D.C., Washington, EUA, em 2016 e 2018, e Study of Business Administration and Management, em 2018, na Duke University, Carolina do Norte, EUA.

 

Redação Agência de Notícias da Aids

 

Dica de Entrevista:

 

Rosana Del Bianco

CRT DST/Aids

Telefone: (11) 5087-9911

 

Alessandra Nilo – Gestos

Tel.: (81) 3421-7670

 

Kelly Aguilar

E-mail: kelly_aguilar2@merck.com