Na ilha de Zanzibar, na Tanzânia, dez homens foram presos por serem gays, revelou a Anistia Internacional. As prisões aconteceram depois que a polícia recebeu uma denúncia anônima sobre a realização de uma suposta festa de casamento entre pessoas do mesmo sexo.

A delação acontece uma semana depois que um político do alto escalão da Tanzânia pediu à população que reportasse à polícia nomes de pessoas sob suspeita de serem homossexuais.

“Este é um golpe chocante após o governo da Tanzânia dar garantias de que ninguém seria considerado alvo, nem seria preso por causa de sua orientação sexual real ou percebida, ou por causa de sua identidade de gênero”, disse Seif Magango, diretor adjunto da Anistia Internacional para a África Oriental e os Grandes Lagos.

Magango pede que os presos sejam liberados imediatamente. Ele teme que exames forçados sejam realizados.

“Nós agora tememos que esses homens sejam submetidos a um exame anal forçado, método de escolha do governo para “provar” a atividade sexual entre pessoas do mesmo sexo. Isso não pode acontecer, eles devem ser libertados imediatamente. Este ataque aterrador ao povo da Tanzânia mostra o perigo da retórica discriminatória nos altos níveis de governo.”

Os dez homens estão sendo mantidos na delegacia de Chakwa, na ilha de Unguja, apesar de nenhuma acusação formal ter sido feita contra eles. Eles estavam em uma festa — que seria a celebração de um casamento homoafetivo — em Pongwe Beach, em Zanzibar, na noite de sábado, 3 de novembro. Outros seis que estavam no evento fugiram.

Segundo a Anistia Internacional, a polícia alegou que eles foram encontrados sentados em pares, “dois a dois”.

” É incompreensível que o simples ato de se sentar em par seja um crime. A polícia claramente não tem motivos para apresentar acusações contra esses homens no tribunal, apesar de eles estarem presos há alguns dias”, afirmou Seif Magango.

Anúncio aterrorizou população LGBTI+

Em 29 de outubro, o comissário regional de Dar es Salaam, Paul Makonda, anunciou planos para formar uma força-tarefa do governo com o objetivo de “caçar” pessoas supostamente lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros ou intersexuais (LGBTI+). Essa força-tarefa iniciaria seus trabalhos, segundo ele, no dia 5 de novembro.

No domingo, dia 4, o governo da Tanzânia, por meio de seu Ministério das Relações Exteriores, se distanciou do discurso de Makonda, alegando que estas eram “opiniões pessoais” do comissário.

Fonte: O Globo