A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) apresentou uma nova denúncia ao Ministério Público de Minas Gerais contra o pastor André Valadão nessa segunda-feira (3), após o líder religioso ter sugerido que fiéis “matem pessoas LGBTQIA+”, segundo diz a representação da parlamentar. A fala aconteceu no domingo (2), durante um culto na Igreja Batista da Lagoinha.
“Essa porta foi aberta quando nós tratamos como normal aquilo que a Bíblia já condena. Agora é hora de tomar as cordas de volta e dizer: ‘não, pode parar, reseta’. Aí Deus fala, ‘não posso mais, já meti esse arco-íris, se eu pudesse, eu matava tudo e começava tudo de novo. Mas já prometi para mim mesmo que não posso, então, agora está com vocês'”, afirmou o pastor em sua pregação.
“É importante dizer que essa fala, independentemente do contexto em que foi dita, apresenta um perigo de absoluta preocupação, sobretudo no contexto em que o Brasil figura no topo da lista de países que mais matam e violentam pessoas LGBT+ em todo o mundo”, diz o texto.
Ainda de acordo com Erika, o pastor faz declarações com o sentido de instigar fiéis a manifestarem o ódio contra representantes da comunidade LGBT. No documento, a parlamentar pede que as manifestações de cunho preconceituoso sejam retiradas das redes sociais.
Em resposta, Valadão publicou um vídeo no qual afirma que “a grande mídia” se levanta para tentar gerar uma notícia que constrange e inibe cristãos. De acordo com ele, a sociedade vive um momento de libertinagem, contrário à vontade de Deus, como nos dias de Noé, personagem bíblico que sobreviveu ao Dilúvio que matou a humanidade.
“Mas qual a diferença? A diferença é que não tem como resetar. Deus não vai matar, Deus não vai recomeçar a humanidade. Dentro disso, na minha mensagem, na minha pregação, eu deixo claro que cabe a nós puxar as cordas, e nós resetarmos. Quando eu digo ‘nós resetarmos’, eu não digo ‘nós matarmos’. Pelo amor de Deus, gente. Eu não digo em nós aniquilarmos pessoas. O que eu digo é: cabe a nós levar o homem, o ser humano, ao princípio daquela que é a vontade de Deus”, afirma.
De acordo com o pastor, “tentam estabelecer leis onde cada vez mais o cristão genuíno começa a ser considerado um fora da lei por crer na palavra de Deus como firme fundamento da sua fé”.
Nesta segunda, o Ministério Público de Minas Gerais abriu inquérito contra Valadão para apurar se ele cometeu crime de homotransfobia, atendendo a representação anterior de Erika. Ela denunciou um culto feito por ele em junho, mês em que é comemorado o Orgulho LGBTQIA+, chamado “Deus odeia o orgulho”.
Redação da Agência Aids com informações