O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou no último domingo (17) que o governo irá publicar nos próximos dias um ato normativo colocando fim na emergência sanitária provocada pela Covid-19 (saiba mais).

“Graças à melhora do cenário epidemiológico, a ampla cobertura vacinal da população e a capacidade de assistência do SUS, temos hoje condições de anunciar o fim da emergência de saúde pública de importância nacional, a Espin. Nos próximos dias será editado um ato normativo disciplinando essa decisão”, disse o ministro, em pronunciamento.

Diante dessa situação, ativistas reforçaram que apesar da declaração de Queiroga, a pandemia do coronavírus ainda não acabou.

Alessandra Nilo, fundadora e coordenadora-geral da Ong Gestos de Pernambuco: “Nós achamos que ainda é precoce, que não é o momento, que se pode esperar um pouco mais e que o processo de abertura está sendo gradual e nós sempre observamos os segmentos da OMS que tem muito mais condições de avaliar. E se a OMS está dizendo que não é o momento de abrir, o Brasil deveria seguir a recomendação de cientistas que são especializados e que atuam na área. A gente sabe quais são as intenções em fazer essa abertura de forma apressada, mas é algo com a qual nós não concordamos. Até porque não se pode confiar em um governo que não desenvolve e não define as suas políticas com base em evidência, então isso não dá segurança nenhuma para a população que está bem informada e que tem acompanhado todo o desmantelo que foi a gestão da pandemia da covid-19 no Brasil.”

Beto de Jesus, diretor da Aids Healthcare Foundation no Brasil: “A pandemia ainda não terminou. Ela pode estar arrefecida mas não terminou. O governo Bolsonaro é responsável pela morte de mais de 650 mil pessoas, também é responsável por todo atraso que a gente está tendo nas escolas e na vida dos estudantes, em especial dos mais carentes que não tiveram acesso a internet. Esse foi um governo que viveu em cima da morte, foi um governo que deu continência para morte. Para mim, não vai ser por decreto que a situação de emergência da pandemia vai terminar. Nós vivemos a pandemia ainda! Agora qual é a questão? A questão é que vai ser necessário novamente colocar uma cortina de fumaça para que a gente só consiga ver um futuro sem pandemia e esquecer de quem foi a responsabilidade das mortes, porque ele só enxerga as eleições de outubro. Então, nesse momento, nós deveríamos estar intensificando as campanhas de vacinação, em especial para os que não se vacinaram. Aliás, que não se vacinaram por insistência deste governo. E se o ministro da saúde faz parte deste governo, ele é responsável por essas pessoas que morrem por não terem tomado a vacina. E muitas pessoas não tomaram a vacina, não por uma questão ideológica mas sim, por uma questão de desinformação. Essa foi a pandemia com o maior índice de fake news e desinformações promovido pelo próprio governo e pelo próprio ministério da saúde. É uma vergonha quando a gente olha para outros países como China e Reino Unido, a gente percebe a necessidade desses países em retomar questões de vigilância sanitária porque a pandemia voltou a crescer, já que fizeram exatamente o que o nosso governo está querendo fazer agora.

Rodrigo Pinheiro, presidente do Fórum das ONG/aids do Estado de São Paulo: “Não vejo como grande problema anunciar o fim da emergência de saúde pública. O problema é que precisaria ter um prazo de transição para ser anunciado o final de emergência, com uma programação de ações para ser feita. Uma das questões que fica em dúvida é a questão da vacina do coronavac, porque seria para uso emergencial, mas o ministério anunciou hoje que ela vai ser utilizada somente em crianças e adolescentes. O que precisamos ver é esse processo de transição nesses próximos meses, porque o covid ainda está presente, não é um vírus eliminado. O que mais me preocupa são os rumores do governo em transformar a pandemia para endemia por questões políticas e eleitorais. Essa parte que nós devemos ficar mais atentos, porque estamos em um ano eleitoral e esse governo usa todos os tipos de mecanismos para tentar camuflar a realidade da saúde pública no brasil.”

Jenice Pizão, Integrante do Movimento Nacional das Cidadãs PositHIVas: “Se de um lado eu fico muito contente porque parece que tudo vai melhorar, por outro lado, partindo desse Ministro da Saúde, que eu já percebi que o compromisso dele com a saúde pública não tem muita sustentação, eu digo o seguinte… eu não sou pesquisadora, apenas faço parte da população brasileira, e eu tenho muito receio. Primeiramente, eu não acho que nós estamos com ampla cobertura vacinal. Nós temos várias faixas etárias que não estão com 80% de vacinação, então isso, para mim, é uma coisa preocupante. Outra questão, o SUS é maravilhoso, só que ele está exaurido. Tiraram recursos do SUS, os profissionais estão cansados e está faltando equipamento nos hospitais e nas emergências. Então, por isso, eu tenho muita preocupação se o Sistema Único de Saúde vai conseguir dar novamente uma boa assistência à população.”

Evalcilene Santos, integrante do Movimento Nacional PositHIVas Núcleo Amazonas: “Totalmente irresponsável esse anúncio. Como tudo nesse governo referente a pandemia da Covid-19, isso não é surpresa. Mais uma prova que esse governo, que negou a ciência, que deixou muitos órfãos, que viu milhões de mortes e ainda disse que não era um problema dele, é totalmente desumano e incapaz de proteger a vida do povo com todas as forças que um líder deveria fazer. Com esse anúncio, os brasileiros ficam ainda mais vulneráveis a essa pandemia que ainda não acabou. Diferente do irresponsável anúncio do ministro da saúde, nós brasileiros que lutamos diariamente, clamamos aos gestores dos estados e municípios, que fiquem atentos e sempre alertas para proteger suas populações, e quanto ao senhor ministro da saúde, não seja mais um genocida, não permita que esse vírus mortal volte a matar como já fez como uma ‘gripezinha’. Precisamos de um governo que proteja a vida e não a retire. Chega de tantas barbáries contra o povo brasileiro que morre de toda forma de violência, toda forma de retirada de direito, e esse anúncio é mais uma das formas covardes e mortais desse governo genocida.”

Eduardo Barbosa, coordenador do Mopaids (Movimento Paulistano de Luta Contra Aids) e diretor do CRD Brunna Valin: “O anúncio do ministério da saúde é mais uma cortina de fumaça para o desastre deste governo negacionista. Contra mais uma vez, a OMS, especialistas e comunidade científica, este governo cria um factoide, querendo mostrar o contrário do que fez durante todo o período mais crítico da pandemia. Mais uma ação equivocada deste desgoverno.”

Américo Nunes Neto, fundador do Instituto Vida Nova: “Entendo que esta decisão é um risco para a população, a OMS prega uma responsabilidade muito grande para que os países tomem essa decisão. Estamos em ano de eleição e isto pode ser manobra de votos. Mesmo que a população equivocadamente já estava considerando o fim da pandemia, em números, muitas pessoas ainda não tomaram todas as doses e outras nem foram vacinadas, tudo isso deve ser considerado antes de decidir pelo fim da emergência de saúde pública. Precisamos de mais vacinas e de estudos sobre as sequelas em pessoas que foram tratadas da Covid-19 e assistência continuada. Precisamos de um ministro que estimule e controle os investimentos financeiros e que seja aliado dos contribuintes do SUS, ou seja, a população. Não gostaria de ouvir do ‘Boso’ discurso eleitoral utilizando-se da Covid-19 como troféu. #revogaçãodaec95.”

Matheus Jushiro

 

Dicas de Entrevista:

 

Jenice Pizão/Evalcilene Santos

Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas

E-mail: secretarianacionalmncp@gmail.com

 

Rodrigo Pinheiro

Fórum de ONGs Aids de São Paulo

Tel: (11) 3334-0704

 

Alessandra Nilo

Gestos

Tel.: (81) 3421-7670

 

Beto de Jesus

AHF Brasil – Assessoria de Imprensa

Tel.: (21) 97164-5068

 

Américo Nunes Neto

Instituto Vida Nova

Tel.: (11) 2297-1516