O Centro de Referência e Treinamento DST/Aids-SP lançou nessa quinta-feira (28) o “Manual de boas práticas em adesão e retenção de usuários em serviço ambulatorial para pessoas vivendo com HIV/aids”. A publicação aconteceu em parceria com o Centro de Estudos Augusto Ayrosa Galvão da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo- CEALAG e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) com apoio do laboratório Janssen.

Monitorar sistematicamente as ausências dos usuários,  compor equipes de referência, desenvolver práticas de acolhimento,  estruturar equipes para acolhimento, facilitar comunicação, fortalecer a relação com a rede de atenção à saúde e com a rede intersetorial são alguns dos temas abordados neste manual.

Desde o surgimento da terapia antirretroviral combinada e da disponibilização de exames de monitoramento do estado clínico do paciente (CD4 e carga viral), a aids passou a ser considerada uma doença crônica e potencialmente controlável. “Esta possibilidade trouxe novos desafios relacionados ao uso prolongado das medicações, como agravos decorrentes de efeitos colaterais, adesão e retenção ao tratamento, cuja eficácia depende da utilização regular das medicações prescritas”,   observa Artur Kalichman, coordenador do Programa Estadual DST/Aids-SP.

“Este projeto caminha ao encontro da meta 90-90-90, do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/aids, que prevê que até 2020, 90% das pessoas vivendo com HIV saberão que estão infectadas; destas, 90% receberão TARV ininterruptamente e, destas, 90% terão carga viral suprimida”, declara Manoel Ribeiro do CEALAG.

Esta meta reforça a necessidade de se trabalhar e investir em estratégias para garantir a adesão e a retenção das pessoas ao tratamento, considerando sempre as questões dos direitos humanos, respeito mútuo e inclusão.  Para Maria Clara Gianna, coordenadora adjunta do Programa Estadual DST/Aids-SP, é necessário construir estratégias para poder enfrentar questões relacionadas a má adesão (faltosos) e aos abandonos.  “Não existe uma fórmula única para lidar com esses temas, a expectativa desta publicação é que seu conteúdo possa inspirar práticas e sensibilizar os profissionais, buscando estratégias de enfrentamento que se ajustem à realidade local (serviço, município e equipe).

Cuidar da adesão é muito mais do que perguntar “você está tomando o remédio direito?”. “É preciso estimular o protagonismo das pessoas no tratamento e na luta pela cidadania, mobilizar vínculo com as equipes e saúde e com a rede de apoio familiar e social; investigar as rotinas de uso do medicamento, as dificuldades encontradas, as falhas, comportamento nos fins de semana”, comenta Rosa de Alencar Souza, coordenadora adjunta do Programa Estadual DST/Aids-SP.