Num momento em que estados e municípios já falam da aplicação de uma quarta dose da vacina contra a Covid-19, a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) defendeu dar prioridade neste momento à dose de reforço, aplicada quatro meses após a segunda. A SBI cita a circulação da variante ômicron para justificar a medida. A entidade faz uma ressalva: a quarta dose é recomendada aos imunossuprimidos, pessoas que tem o sistema imunológico comprometido, como pacientes com HIV e transplantados.

“O Brasil tem nesse momento 76% das pessoas elegíveis vacinadas com o esquema básico, e apenas 33% da população vacinável com a dose de reforço. Diversos trabalhos científicos publicados demonstram que contra a variante Ômicron é necessário o esquema com três doses para melhor proteção dos indivíduos. Portanto, a medida mais urgente em termos de vacinação para o país é avançar no percentual de pessoas com que já completaram o esquema básico com dose de reforço”, diz trecho da nota.

A SBI destacou que as vacinas de mRNA, caso da Pfizer, serão atualizadas para a variante ômicron. Assim, isso deve ser levado em conta na decisão de utilizar a quarta dose nacionalmente. “Outro ponto a ser estudado será o impacto na resposta imune da população vacinada, a exposição natural da variante Ômicron, podendo levar a um aumento da robustez e duração da proteção”, diz trecho da nota.

No caso dos imunossuprimidos, a entidade destacou que o esquema vacinal básico deles já é composto por três doses, sendo a quarta “altamente recomendada, como dose de reforço, como se fosse a 3ª dose para a população em geral”.

A SBI disse ainda que “em situações de excepcionalidade”, em locais onde já há alta cobertura da vacinação com três doses, algumas iniciativas de quarta dose entre os idosos foram colocadas em prática para “ter uma avaliação mais consistente”, em especial quando foi usada nas três doses anteriores uma vacina inativada, caso da CoronaVac. “Trata-se, portanto, de iniciativas individualizadas regionais, pois há carência de dados mais robustos que justifiquem a aplicação em termos de efetividade no país como um todo”, diz a nota.

Na quinta-feira, a prefeitura do Rio definiu que aplicará a quarta dose um ano após a terceira. As primeiras aplicações acontecerão em julho deste ano, as primeiras pessoas que tomaram a terceira, como os idosos, completarão 12 meses desde a última injeção. Na quarta-feira, o governador de São Paulo, João Doria, afirmou que o estado avalia a aplicação de uma quarta dose da vacina contra a Covid, mas que fará isso “no momento certo”. Pela orientação atual do Ministério da Saúde, a quarta dose é restrita a imunossuprimidos.

A SBI também destacou que pode reavaliar a nota conforme surjam mais informações científicas a respeito das vacinas. Pediu ainda que a população procure os postos de vacinação para completar o esquema de vacinação de duas doses, se for o caso, ou tomar a terceira de reforço, a fim de diminuir as chances de hospitalização e morte.

“Estes dados de vida real são bem cristalinos evidenciando que os pacientes vacinados com três doses geralmente estão apresentando sintomas leves e transitórios. Em contrapartida, aqueles que não fizeram uso do esquema vacinal completo, estão sob maior risco de internação e com risco de óbito”, diz trecho da nota.

O texto é assinado pelo presidente da SBI, Alberto Chebabo, pelo coordenador científico da entidade, Sérgio Cimerman, e pela coordenadora do Comitê de Imunizações da SBI, Rosana Richtmann.

Confira a nota aqui.