Na noite dessa segunda-feira (11), a coluna ‘Senta Aqui’ com Marina Vergueiro recebeu o ator Tadeu Di Pietro para um bate-papo descontraído sobre a arte na luta contra aids. Ele é ator, diretor, gestor cultural, consultor e palestrante. Com mais de 30 anos de carreira, Tadeu é responsável pelo sucesso de novelas clássicas como O clono, Anjo Mau e Rei do Gado, da Rede Globo.

Nunca deixando de lado a solidariedade, o ator é engajado em lutas de causas sociais, contribuindo, principalmente, com o Instituto Cultural Barong. “Lá pelos anos 90 eu comecei a participar das ações do Barong que fazíamos nas ruas, nos bares, nas casas noturnas, nas portas dos teatros… iniciamos com a distribuição de camisinha. Comecei a usar as técnicas de teatro para trabalhar com a população trans e a população jovem a fim de tratar a identidade e aquilo que na cultura chamamos de empoderamento da cidadania”, compartilhou.

Comunicação honesta e lúdica

“Quando se fala sobre o HIV, geralmente a abordagem é muito séria ou se fala de forma muito leviana”, explicou Tadeu, contando que encontrou na arte uma maneira de construir pontes para mediar as informações sobre HIV e outras ISTs de forma leve, lúdica, artística e revolucionária.
“No Barog, a gente usou sempre de muito humor para levar as pessoas a conscientização de sua saúde e de sua cidadania. Muitas pessoas evitam até hoje falar do HIV, então a gente descobriu que trabalhar com o humor, com a arte, cultura… era muito importante, principalmente, para proliferar informações. Eu acho que a informação é fundamental!”

Apesar disso, para ele informação já existe bastante nos dias de hoje, assim como os devidos medicamentos para tratamento, o que falta ainda é conscientização de fato.

Fraternidade social

Tadeu considera que é preciso dar a devida importância a questão do pertencimento e da cidadania, “Por meio do processo cultural a gente exercita a conscientização do eu. Se eu me cuidar, eu vou estar cuidando de quem vive e convive comigo”, afirma. E para além disso, resgatar a completa humanidade em nossas relações.

O principal objetivo não é falar sobre doença apenas sob uma perspectiva de dor, mas falar de vida, e segundo ele, hoje todos temos absoluta condição de falarmos abertamente sem qualquer tipo de discriminação, sem reservas e preconceitos. E através da cultura a fala sobre a temática pode tomar rumos primorosos.

“Os preconceitos são diversos, a população LGBT+ ainda é segregada, mas o importante é a gente seguir desconstruindo os preconceitos através da cultura, para o resgate e construção de uma sociedade mais igualitária, solidária, tolerante e fraterna, que respeite todos os segmentos e a diversidade.”

A conversa chegou ao fim reforçando a ideia de que devemos trabalhar mais o acolhimento e que a diversidade deve ser respeitada, porque com ela que se conquista de fato cidadania, e pontuando que devemos trabalhar mais o acolhimento. “A gente conscientiza mais, esclarece mais, acolhe. Isso que é importante para que as pessoas se sintam abraçadas e informadas,  quanto mais informação tivermos, menos pessoas infectadas teremos’.

Marina e Tadeu enxergam o futuro não tão distante com bastante otimismo e esperança, principalmente devido a vitória recente do setor cultural com a aprovação das leis Paulo Gustavo e Aldir Blanc, que haviam sido vetadas pelo atual governo. Essas leis vão garantir a partir do próximo ano novos repasses financeiros ao setor cultural, podendo fomentar e garantir também que novas pessoas sejam contempladas pelas mesmas, em especial aquelas que em meio a pandemia de covid-19 foram mais atravessadas e impactadas economicamente, pois não puderam trabalhar expressando sua arte, devido ao isolamento social imposto no pico da covid.

O artista espera com otimismo que nos próximos anos acabe o que ele chama de ‘cultura do atraso’, e que haja o resgate da cultura brasileira que trará um pouco mais de identidade nacional, que acredita ter se perdido consideravelmente, assim, com o resgate, o território brasileiro poderá ser visto de fato como um país próspero.

Assista na íntegra pelo Instagram da Agência Aids

Kéren Morais (keren@agenciaaids.com.br)