O movimento de luta contra a Aids perdeu Jorge Beloqui, ativista na defesa dos direitos das pessoas vivendo com HIV/Aids no Brasil e precursor do movimento gay dos anos 1980.

Beloqui tinha 73 anos e estava em Buenos Aires, sua terra natal. Ele foi encontrado no quarto, sem vida, na manhã desta quinta-feira (9). A causa não foi revelada.

Descobriu que havia se infectado com o HIV em meados de 1989 e transformou o fato em instrumento de ativismo.

Graduou-se em matemática na Universidade de Buenos Aires e concluiu doutorado no Impa (Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada), no Rio de Janeiro. Atualmente, era professor aposentado do Instituto de Matemática e Estatística da USP.

Ao longo da importante trajetória no Brasil, fundou a ONG Pela Vidda (Valorização, Integração e Integridade do Doente de Aids). Permaneceu na entidade entre 1989 e 1995.

Depois, integrou a direção do GIV (Grupo de Incentivo à Vida), em São Paulo. Também compôs a Abia (Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids) e foi representante da Rede Nacional de Pessoas Soropositivas (RNP+) no Grupo Temático do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids).

“O Jorge era extremamente dedicado e ético, uma pessoa batalhadora que tinha objetivos em relação a algumas causas, como o HIV/Aids, o movimento LGBTQIA+, e ele se envolvia com bastante intensidade, não ficava pelas bordas. Lia bastante e procurava transmitir o conhecimento de ponta que adquiria ao maior número de pessoas possíveis”, diz Cláudio Pereira, diretor do GIV.

Beloqui fez parte, ainda, do corpo editorial do Boletim de Vacinas contra o HIV e foi pesquisador colaborador do Nepaids (Núcleo de Estudos para Prevenção da Aids), da USP, entre outras passagens.

Em São Paulo, representou a sociedade civil na Comissão Municipal de DST/Aids do Conselho Municipal de Saúde e participou ativamente das Conferências de HIV/Aids realizadas pelo município.

“O Jorge foi um dos fundadores desse ativismo comunitário da luta contra a Aids. A atuação das ONGs tem a participação dele desde o início. Ele tinha uma imensa qualificação do ativismo. Era um especialista em informações sobre antirretrovirais, testes e pesquisas de vacinas de HIV e também estudioso e militante da questão do estigma contra pessoas vivendo com HIV/Aids”, afirma Mário Scheffer, professor do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP. Os dois se conheciam desde 1991.

“Ele foi fundamental para vários dos avanços que tivemos na luta contra a Aids principalmente, na metade dos anos 90 em diante, quando o tratamento eficaz já existia, mas não tinha chegado o acesso universal no Brasil. Ele sempre pregava que as ONGs deveriam ter informação qualificada para a conquista de direitos e de medicamentos”, afirma Scheffer.

Confira a seguir as notas emitidas em homenagem a Jorge Beloqui:

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Conselho Nacional de Saúde

Fórum de ONGs/Aids de São Paulo

Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids

Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas

Redação da Agência Aids com informações