A inatividade dos mecanismos internacionais de saúde global no combate à mpox tem causado espanto na comunidade científica, segundo o Alexandre Naime, coordenador científico da Sociedade Brasileira de Infectologia. Em entrevista à CNN , o especialista destacou que a doença é conhecida há mais de cinco décadas, tendo sido descrita pela primeira vez em 1970.
Naime expressou perplexidade diante da falta de ação efetiva para conter a propagação da mpox, especialmente considerando o longo período desde sua identificação. ‘O espanto que você recebe essa informação é o nosso espanto da sociedade científica ver a inatividade dos mecanismos internacionais de saúde global para deter essa doença’, afirmou o infectologista.
Origem e transmissão da mpox
O vírus da mpox, conforme explicado por Naime, é de origem zoonótica, significando que sua principal forma de transmissão ocorre de animais para humanos. Os principais vetores são primatas não humanos, pequenos macacos e roedores. A transmissão para humanos geralmente acontece em regiões próximas a aldeias africanas, onde o contato com esses animais é mais frequente, seja por proximidade ou consumo.
‘Esse contato próximo faz com crianças e adolescentes, adultos que se infectem, e aí começa a transmissão entre humanos’, esclareceu o especialista. Naime também ressaltou que a doença afeta principalmente a região centro-oeste da África, com destaque para a República Democrática do Congo.
Vacina existente, mas subutilizada
Um ponto crucial levantado por Naime é a existência de uma vacina contra a mpox, mesmo antes do surto de 2022. No entanto, ele lamenta que esta nunca tenha sido aplicada de forma a resolver o problema em sua raiz, nos países africanos mais afetados.
A falta de uma abordagem preventiva eficaz nos locais de origem da doença evidencia uma lacuna significativa nas estratégias globais de saúde pública. Esta situação ressalta a necessidade de uma ação mais coordenada e proativa por parte das organizações internacionais de saúde para prevenir futuros surtos e proteger populações vulneráveis.
Fonte: CNN