Iniciativas da Casa da Pesquisa foram destaques durante o I Encontro Estadual de Serviços de Saúde Integral para Pessoas Trans, no âmbito da Educação Comunitária
O trabalho realizado pela Casa da Pesquisa, ligada ao Centro de Referência e Treinamento (CRT) DST/Aids do Estado de São Paulo, foi destaque no I Encontro Estadual de Serviços de Saúde Integral para Pessoas Trans, realizado na última terça-feira (10). Reconhecida por sua contribuição de quase 30 anos à pesquisa clínica e à prevenção do HIV/aids e outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), a instituição apresentou suas boas práticas e destacou sua abordagem voltada para a inclusão da população trans e travesti.
Sob a liderança do Dr. José Valdez Ramalho Madruga, diretor-fundador da Casa, a instituição já conduziu mais de 110 estudos clínicos, muitos deles focados na população trans. A Casa se tornou referência não apenas pela produção científica, mas também pelo engajamento comunitário e pela criação de estratégias inclusivas que combatem a vulnerabilidade social associada ao HIV/aids.
Paola Souza, historiadora, pesquisadora e coordenadora da Educação Comunitária da Casa da Pesquisa, foi uma das vozes principais no evento. Ela destacou a importância da educação comunitária como ferramenta para superar as barreiras sociais enfrentadas pelas pessoas trans. “Saúdo todas as pessoas trans presentes neste evento. Quero honrar a presença de cada pessoa trans aqui, que são maravilhosas, e reforçar que precisamos renovar, diariamente, nosso compromisso de combater todas as formas de cissexismo e colonialismo”, afirmou.
Educação comunitária e inclusão como prioridades
Paola enfatizou que o trabalho da Casa da Pesquisa é guiado por uma abordagem interseccional. “Devemos fazer isso a partir das lentes que usamos diariamente e garantir que este compromisso seja real e transformador para nossa comunidade”, disse.
A coordenadora ressaltou também a necessidade de ocupar espaços de poder de forma ativa e significativa. “Quando ocupamos espaços de poder, precisamos garantir que nossa presença seja uma fonte de inspiração. Não estamos nesses lugares para silenciar as verdades, mas para dar voz às nossas histórias.”
O espaço físico da Casa foi pensado para ser acolhedor e representativo, com murais que homenageiam figuras públicas como a deputada Erika Hilton e outros ícones trans. “Precisamos combater o apagamento de nossas histórias e fortalecer a autoestima de nossa comunidade”, explicou Paola.
Impacto na ciência e na comunidade trans
Entre as iniciativas destacadas pela Casa estão estudos sobre o uso de medicamentos de longa duração na prevenção do HIV e o mapeamento da população trans no Estado de São Paulo. Paola descreveu como essas metodologias incluem estratégias como a escuta ativa e intervenções práticas, voltadas para a melhoria da qualidade de vida.
Além dos estudos clínicos, a Casa da Pesquisa busca traduzir os avanços científicos em ações concretas de enfrentamento ao estigma e ao preconceito. Paola compartilhou que a instituição teve um trabalho aprovado para uma conferência internacional no Peru e que recebeu recentemente um prêmio representando a Educação Comunitária. “Este reconhecimento não é apenas meu, mas de toda a comunidade que contribuiu para este movimento. Não se trata apenas de ciência, mas de política, ética e amor à nossa comunidade”, concluiu.
Com seu trabalho contínuo, a Casa da Pesquisa reafirma seu papel como uma referência na luta contra o HIV/aids e no fortalecimento dos direitos da população trans e travesti, ampliando o impacto de sua atuação no Brasil e no cenário global.
Kéren Morais (keren@agenciaaids.com.br)
Dica de entrevista
Casa da Pesquisa CRT
Tel.: (11) 98205-7161