No último domingo, 02 de junho, São Paulo foi palco da 28ª edição da Parada LGBT+, marcando também os 21 anos de existência do Camarote Solidário da Agência de Notícias da Aids. Idealizado pela jornalista Roseli Tardelli, o Camarote tem como propósito unir celebração, solidariedade e conscientização, através da arrecadação de cestas básicas que serão doadas a ONGs que prestam assistência a pessoas vivendo com HIV em situação de vulnerabilidade.

Neste ano, representantes de empresas parceiras desta iniciativa estiveram no Parque Mário Covas, local onde aconteceu o Camarote presencial, e puderam celebrar a diversidade.  Em entrevista à Agência Aids, eles falaram sobre o compromisso com a responsabilidade social e a promoção da diversidade, que vai além de questões de gênero, etnia ou orientação sexual.

“Qual a importância de a indústria como um todo apoiar a Parada LGBTQIA+ de São Paulo, apoiar o Camarote Solidário e ter uma inserção na diversidade?”, perguntou a jornalista Roseli Tardelli ao diretor de Comunicação da Farmacêutica GSK, Luiz Castilho.

“Falando um pouquinho da GSK, a gente tem como um pilar importante dentro da nossa cultura, desenvolver agendas focadas em diversidade. Está no nosso DNA e é isso que a gente prega para todos os funcionários. Isso no nível de diretoria, ao nível estagiário, ao nível presidência lá em Londres. Essa é uma agenda muito orgânica. Outro ponto que é importante ressaltar é a nossa atuação com a sociedade civil, apoiando movimentos que melhoram políticas públicas, que trazem para a população brasileira um melhor bem-estar e melhor tratamento, mas não só tratamento”, disse.

“A gente tem hoje também uma agenda de prevenção, que é super importante quando a gente pensa principalmente na agenda de HIV. Aqui é um ponto super importante que, para a gente, faz muito sentido estar presente e contribuir de forma ativa com essas agendas”, completou Luiz.

Outro executivo que marcou presença no Camarote Solidário foi o presidente da Gilead no Brasil, Christian Schneider. Roseli quis saber de Christian qual é a importância de uma empresa como a Gilead apoiar não só o Camarote Solidário, mas estar presente na maior Parada LGBT do mundo.

“Acho que o papel da indústria vai além de desenvolver medicamentos, tratar, prevenir. O que a gente tem que devolver para a sociedade vai além disso, não só nós como profissionais de saúde, mas como seres humanos também. Fazer parte desse evento aqui, junto com vocês, é o que move a gente. A gente tem tanto no discurso como na prática. Acho que aqui dá uma prova do que a gente é capaz de fazer.”

Sempre presente no Camarote Solidário, João Sanches, diretor de assuntos governamentais na farmacêutica Abbott, elogiou a iniciativa e disse que eventos como este traz a pauta aids para o centro das discussões. “Eu comentava agora há pouco com algumas pessoas que o desafio hoje é demonstrar que essas enfermidades ainda são muito prevalentes no país.

Roseli aproveitou o evento para repercutir com João o lançamento da máquina automática de dispensação de PrEP e PEP.  “Eu acho que se todo mundo levar a sério, pode revolucionar a prevenção do HIV. Mas o que falta ainda, João? Mais informação? Falta mais educação? Falta mais acesso? Ou falta tudo isso?”, questionou

“Eu acho que faltam todas as anteriores, mas eu acho que o mais importante é que falta divulgação. Essa máquina que você pode ter acesso imediato é uma ideia fantástica. Hoje, graças a Deus, temos medicamentos disponíveis, a PrEP e a PEP. Nós temos tudo o que a gente sempre brigou nesses 20 e tantos anos. Agora, as pessoas precisam saber disso, e elas não sabem. E mais do que saber, precisa ser de fácil acesso. Aonde elas estão? Não pode ser que a gente tenha centros de distribuição, que alguém tenha que pegar uma condução, tenha que gastar dinheiro para ir buscar, para ter acesso a essa informação, acesso a esse diagnóstico precoce. Eu acho que falta divulgação.”

João continuou: “Eu trabalhei em empresas que tentaram muito fazer a vacina que preveni o HIV. A ciência ainda não chegou lá, talvez um dia chegue. Mas o que eu acho que é mais importante hoje são algumas etapas que a gente pode atingir. Por exemplo, não ter mais infecção vertical. Não tem como um país como o Brasil, com o sistema de saúde como é o SUS, ter transmissão vertical. Isso tem que acabar.”

Da setor de diversidade na farmacêutica Janssen, Desireé Brito, contou que este foi o segundo ano que participou do Camarote Solidário. “Acho que é uma iniciativa muito importante para a comunidade LGBT. Falar de saúde da comunidade é algo importante. O que eu vejo diferente é que o número de pessoas aumentou. E eu estou muito contente de poder participar pela segunda vez do camarote.”

Assim como João, Desireé elogiou o novo equipamento da prefeitura para disponibilização das profilaxias. “Eu acho que sendo da comunidade LGBT, isso é uma revolução. Pensando no que a gente viveu na década de 80, nessa falta de informação, ter isso aqui acessível para a comunidade é algo muito significativo. Então, eu também me sinto muito privilegiada de poder viver nessa época e poder vivenciar isso para uma comunidade à qual eu faço parte.”

O Camarote Solidário, uma iniciativa da Agência de Notícias da Aids, contou neste ano com o apoio do Senac e SESC de São Paulo, além das farmacêuticas GSK ViiV Healthcare, Gilead, Abbott, MSD e Janssen, da Coordenadoria Municipal de IST/Aids de São Paulo, da Unesco e da Galeria 2001.

Assista a seguir a transmissão do Camarote Solidário na íntegra:

Redação da Agência de Notícias da Aids