Quase 23 milhões de comprimidos do medicamento antirretroviral “3 em 1” chegaram ao Brasil e serão distribuídos pelo Ministério da Saúde até a próxima sexta-feira (23) aos 232 mil pacientes que estão em tratamento no país.
A carga de 90 toneladas vai abastecer os estoques de todos os estados e do Distrito Federal. Os estados de Acre, Amazonas, Alagoas, Amapá, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Paraíba, Piauí, Roraima, Rondônia, Santa Catarina, Sergipe, Tocantins, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Bahia, Pará, Paraná, Pernambuco e São Paulo receberão o medicamento a partir desta terça-feira (20/03). Os demais serão abastecidos até sexta-feira.
O “3 em 1” é composto pelos antirretrovirais tenofovir (300mg), lamivudina (300mg) e efavirenz (600mg) e está em distribuição pelo Sistema Único de Saúde (SUS) desde junho de 2014. A carga de novos medicamentos será suficiente para atender cerca de quatro meses de consumo dos pacientes já em tratamento.
Os medicamentos foram adquiridos por meio de um termo de cooperação de R$ 24,6 milhões estabelecido entre o Ministério da Saúde e a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas). Os comprimidos são importados da Índia, uma vez que não há produção desses medicamentos no Brasil.
“O montante recebido dará continuidade ao trabalho de tratamento às pessoas vivendo com HIV no país de forma gratuita”, afirmou a diretora do Departamento de IST, Aids e Hepatites Virais (DIAHV), Adele Benzaken – acrescentando que “a carga atual é fruto de planejamento de compra realizado com pelo menos um ano de antecedência, para que tivéssemos condições de atender a toda demanda das pessoas que fazem uso do medicamento em todo o país”.
Tratamento
Quem faz uso do “3 em 1” sabe da importância da chegada da nova remessa. Esse é o caso do técnico em enfermagem Celso Pereira da Silva Júnior, 25, de Cascavel (PR), em tratamento com o antirretroviral desde 2016, tão logo descobriu a sorologia. Celso recomenda o uso do “3 em 1” a quem ainda resiste ao tratamento: “Quem não aderiu precisa pensar em si e no próximo; com o tratamento, o paciente terá uma vida mais saudável e as chances de transmissão do HIV passam a ser quase nulas”, ressaltou, afirmando que a única reação adversa que sentiu com o “3 em 1” foi uma sonolência inicial, superada com o tempo.
Em tratamento com o “3 em 1” desde o início de 2017, o professor universitário Fabrício Stocker, 27 anos, de São Paulo, também apresentou sonolência, mas ressalta que os efeitos adversos são ínfimos se comparados aos benefícios que o tratamento traz. “Apesar das reações, é preciso pensar nos benefícios a médio e longo prazo e na melhoria da imunidade com o uso contínuo da medicação”, afirmou, lembrando que o “3 em 1” favorece a adesão ao tratamento “porque é ingerido apenas uma vez ao dia”.
Da Índia
Entre Bombaim (Índia) e Brasília, houve parada técnica em Riad (Arábia Saudita) e de recarga de combustível em Dakar (Catar). O voo em charter ocorreu para minimizar a possiblidade de avarias na carga, acomodada em caixas especiais para reduzir o risco de danos ao material transportado – como exposição à umidade, chuva e altas temperaturas. Além disso, a Opas realizou mais de uma licitação internacional para reduzir o risco de o Brasil ficar sem os medicamentos em tempo hábil.
Fonte: Departamento de IST, Aids e Hepatites Virais