Quebrando o silêncio e tendo a arte como aliada e forma de expressão, performers, jornalistas, escritores, um encontro de pessoas se uniram em torno de uma temática importante e presente na vida da gente.
No sábado, 24 de junho de 2023, a Comedoria do Sesc Pompeia recebeu mais uma edição do Boteco da Diversidade. Com o tema Positives – Vivendo com HIV, o evento trouxe artistas e ativistas que vivem com o vírus ou se engajaram na luta contra o preconceito e a sorofobia, evidenciando a potência de seus corpos e expressão artística.
Acompanhe galeria de fotos com alguns dos artistas que participaram da apresentação:
Com origem nos Estados Unidos, a cultura Ballroom é uma expressão típica da comunidade negra LGBTQIA+, com bailes (balls), com performances e batalhas de categorias de beleza, moda, comportamento/realidade e de dança vogue/voguing.
Durante a epidemia de aids nos anos 80, a comunidade Ballroom teve papel fundamental no acolhimento, na promoção de ações afirmativas e na luta por políticas públicas para a população vivendo com HIV.
A Cultura Ballroom é, em sua pura existência, um movimento político que celebra a diversidade de gênero, sexualidade e raça.
Alberto Pereira Jr. é artista social, jornalista, diretor e roteirista, paulistano da Vila Carrão, vive há 13 anos com HIV. Agitador cultural e voz ativa em pautas relativas aos direitos humanos, mandou muito bem como Mestre de Cerimônias.
Escritor, jornalista, dramaturgo, tradutor, cineasta e importante ativista dos direitos da comunidade LGBTQIA+, ganhador do Prêmio Jabuti e da Associação de Críticos de Artes (APCA), João Silvério Trevisan participou da atividade artística. Em 1992, ele descobriu-se infectado pelo HIV e acreditava que teria pouco tempo de vida.
A tragédia, no entanto, atinge Cláudio, seu irmão mais novo. Vítima de um câncer linfático, ele falece aos 48 anos. No romance autobiográfico impactante, Trevisan aborda a intensa amizade entre ele e seu irmão, compondo um quadro de impressionante veracidade sobre a perda. Alguns trechos do livro foram lidos pelo autor.
Artista e educadora, uma pessoa vivendo com HIV desde 2018. Mãe de Melik Rudá, de 7 anos, e Bakari Mairê, de 4 anos. Transita entre teatro, dança e poesia. Formada em Comunicação das Artes do Corpo – PUC – SP.
Priscila Obaci ocupou o palco e cantou, declamou, falou dos filhos e de como a arte a auxilia a resistir e se expressar.
Marina Vergueiro, colunista desta Agência, cineasta, poeta e ativista pela saúde afetiva e sexual das mulheres.
Com poemas publicados em várias antologias de saraus de São Paulo, em 2020 lançou “Exposta”, seu primeiro livro de poesia que aborda questões relacionadas com a afetividade, a gordofobia e o feminismo. Ela trouxe alguns trechos de seu livro “ Exposta”…
Lili Nascimento descreveu sua vivência com o vírus desde seu nascimento. Reclamou do fato de outras cidades do Brasil não zerarem a transmissão vertical do HIV, a exemplo de São Paulo, Umuarama e Curitiba. “Sei que é um momento de celebração. Não preparei nada artístico. Quero trazer a realidade. São Paulo eliminou a transmissão vertical do HIV. No Rio Grande do Norte, aonde vivo atualmente, a taxa de infecção de mães para filhos chega a 9%. Tá errado isso, já dá para ser diferente.”
A diretora desta Agência, Roseli Tardelli, começou sua fala dizendo que apesar de ter trabalhado em diferentes veículos de comunicação, ainda não consegui publicar uma manchete sobre o fim do HIV. Explicou como a mídia contribuiu para construir preconceito nessas 4 décadas do HIV no mundo. Finalizou chamando para o centro do palco a gerente geral do Sesc Pompeia, Monica Carnieto, e agradecendo a sempre presente parceria e carinho do Sesc-SP com a causa.
Ficha técnica
Boteco da Diversidade – Positives – Vivendo com HIV
Idealização e cocuradoria: Sesc Pompeia
Cocuradoria: David Costa
Direção artística: Ronaldo Serruya
Mestre de Cerimônias: Alberto Pereira Jr.
Artistas, ativistas e pesquisadores: Diana Hands Up, Edan Mutatis, Félix Pimenta, Fênix Zion, Franco Fonseca, Jessy Black Velvet, João Silvério Trevisan, Juão Nyn, Kasy 007, Lili Nascimento, Maia Avalanx, Marina Mathey, Marina Vergueiro, Marvena de Ubuntu, Priscila Obaci, Peu Mutatis e Roseli Tardelli
Coordenação técnica: Daniele Meirelles
Videocenário: Rui Alves
Projeção e videomapping: Pedro Moura
Iluminação: Fernanda Guedella
Som: Jess Silva
Roadies: Bruno Fuziwara e Flavio Rodrigues
Produção executiva: David Costa
Assistente de produção: Ará Silva
Redação da Agência de Notícias da Aids