Uma pesquisa da Unirio, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, pode contribuir para liberar a amamentação no caso mulheres com o HIV no Brasil.

O estudo analisou em laboratório o colostro, primeiro leite produzido após o parto por mães HIV positivo, que recebem medicação antirretroviral.

A pesquisa coletou o colostro de 15 pacientes do Hospital Gaffrée e Guinle, no Rio de Janeiro. Os primeiros resultados foram positivos, de acordo com Rafael Braga, professor de Bioquiímica da Unirio.

“Dessas 15, 14 deram resultado indetectável ou abaixo do limite de detecção, abaixo de 20 cópias por ml, e uma apenas que deu acima, mas verificamos que ela não fazia uso regular dos antirretrovirais. Por isso que ainda havia algum tipo de carga viral no colostro dessa mãe”.

No Brasil, o Ministério da Saúde, estabelece que o aleitamento materno é contraindicado nesses casos, como única forma de zerar o risco de transmissão do vírus da mãe para o bebê.

Em alguns países da Europa, de acordo com o professor Rafael Braga, há exceções e fica a critério do médico ou da própria mãe amamentar ou não. Já na maioria da África Subsaariana é permitida a amamentação por mães que vivem com o HIV.

Segundo a Unirio, a Academia Americana de Pediatria fez recentemente uma mudança nas suas diretrizes para permitir a amamentação por mulheres que tenham carga viral indetectável de forma sustentada.

A pesquisa da Unirio dá esperança às futuras mães brasileiras que convivem com o diagnóstico. A manicure Yasmin Nicole foi diagnostica com o HIV há cinco anos e desde então faz o tratamento com antirretroviral. Há cerca de um mês teve um bebê e lamenta não poder amamentar seu filho.

“E acredito que outras mulheres também passam pela mesmo que eu passei: de ter crise de choro por não poder tá amamentando. É uma luta por dia e, um dia, eu vou poder amamentar”.
“O leite materno é uma coisa que é única para qualquer criança e no nosso caso a gente não consegue passar isso para os filhos”, lamenta a jovem.

Nos Estados Unidos, as diretrizes já foram atualizadas para permitir a amamentação de mães com HIV, desde que a carga viral esteja indetectável.

“Nós fomos muito felizes com os resultados que obtivemos até hoje. E principalmente da satisfação das pacientes em participar, o projeto contou com uma empatia muito grande porque é um momento muito complexo da vida delas”, afirma a pesquisadora Raphaela Barbosa.

De acordo com a Unirio, técnicos do Ministério da Saúde se reuniram em encontro online com a equipe da pesquisa para obter informações sobre os resultados. A orientação é que a pesquisa deve ser ampliada em um estudo multicêntrico, realizado por diversas instituições públicas federais.

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Redação da Agência Aids com informações do G1 e da TV Brasil