O resultado de uma pesquisa da Universidade Federal de Pelotas, em parceria com a Universidade de Harvard, traz esperança no momento em que o Brasil tem mais de 400 mil mortes na pandemia. Entre os mortos por Covid, caiu pela metade a parcela de vítimas maiores de 80 anos. Segundo os pesquisadores, essa queda está ligada à vacinação.

Os pesquisadores analisaram os números das mortes por Covid com dados do Ministério da Saúde. As mortes por Covid entre maiores de 80 anos representavam 28% do total de óbitos da pandemia no Brasil até janeiro deste ano, quando foi iniciada a campanha de imunização para grupos prioritários no país – entre eles os mais idosos. No final de abril, esse percentual recuou para 13,1% – o menor já registrado para o grupo etário durante toda a pandemia.

“O que a gente está observando é que é compatível com o efeito da vacina salvando vidas”, explica Cesar Victora, pesquisador da UFPEL. Esse padrão se repetiu em quase todas as regiões do país. “A exceção foi a região Norte, onde está Manaus, que foi o lugar mais atingido pela pandemia. Lá na região Norte, no começo do ano, ao invés de as mortes de idosos de mais de 80 anos corresponderem a 25 a 30 de cada 100 mortes, lá eram apenas 18 de cada 100, porque lá morreu muita gente jovem”, completa Cesar.

Outro dado revelador indica que a vacina também protegeu os idosos contra a variante do vírus P1, descoberta em Manaus, que se propaga de uma forma mais rápida.

“Tinha muita dúvida entre os epidemiologistas, imunologistas, infectologistas, se a vacina CoronaVac – que é responsável por grande parte da vacinação no Brasil – se essa vaicna seria eficaz contra a P1, porque ela não foi desenvolvida contra a P1, ela foi desenvolvida contra a primeira variante do coronavírus que foi a que apareceu no ano passado no mundo todo. E nós estamos mostrando que aparentemente, tudo indica, os resultados muito consistentes, de que a vacina realmente protege contra a variante P1”, diz Cesar.

A pesquisa coordenada pela Universidade Federal de Pelotas, em parceria com a Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, estima que quase 14 mil pessoas de 80 anos ou mais foram salvas pela vacinação durante o intervalo de oito semanas, entre meados de fevereiro e abril.

“Infelizmente a gente não conseguiu o número necessário de vacinas para começar com essa vacinação de uma forma intensa. Então, agora, o governo está adquirindo mais vacinas, então a esperança que na medida que a gente consiga aumentar a cobertura da vacinação da população, a gente consiga salvar mais vidas”, diz Marcia Castro, chefe do Departamento de Saúde Global e População da Universidade de Harvard.

Depois de analisar os dados, os pesquisadores alertam: a primeira dose já oferece alguma proteção, mas é fundamental que as pessoas tomem a segunda dose. E mesmo para quem já se vacinou, como a Dona Osvaldina, é importante continuar tomando cuidados, como o uso da máscara e o distanciamento social, para evitar se contaminar e transmitir o coronavírus.