Organizadores e participantes consideram ato um sucesso

Muitas vozes que juntas tornaram-se mais fortes: “O Programa é nosso… o Programa é nosso… o programa é nossooooo”. “Ê, o CCD libera o Programa aê junto com o CRT..não vai ter separação, vamos juntos nessa união”. Palavras de ordem. Um refrão improvisado dizendo não a separação.  Funcionários, ex-funcionários, ativistas, usuários do serviço, lideranças, amigos, parceiros de luta contra aids. Todos se juntaram na tarde desta quinta-feira (19), em frente ao Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids, o CRT Aids, em São Paulo. Primeiro fecharam duas faixas na rua. Alguns cartazes em defesa do Sistema Único de Saúde. Outros dando o toque para que tudo fique como está.  “ Não mexa com o CRT”. “Somos todos CRT”. “Não ao sucateamento da saúde pública e as terceirizações no Sistema Único de Saúde. O SUS é patrimônio do povo brasileiro”. Cada um de seu jeito tornou pública a indignação que sentem ativistas pelo fato do Centro de Controle de Doenças (CDC), órgão da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, estar analisando uma proposta para que o  Programa Estadual de DST/Aids saia do CRT e faça parte do CDC.

Cleonice Ribeiro, vice-presidente do SindSaúde de São Paulo, esteve no ato em defesa da política de aids estadual

O movimento analisa que a alteração proposta vai separar política e assistência, o que poderá acarretar retrocessos e perdas na política de aids em São Paulo e também no Brasil. Depois das duas faixas da rua Santa Cruz, na Vila Mariana, foi tomada pelos manifestantes, com seus cartazes e faixas. Por fim, deram a volta no quarteirão e com determinação e emoção abraçaram o prédio do CRT.

“Estamos há quatro décadas com um serviço que é referência nacional em termos de estudo, pesquisa, tratamento e políticas de prevenção. Não podemos deixar que nenhum retrocesso aconteça”, disse Américo Nunes Neto, do Mopaids (Movimento Paulistano de Luta Contra a Aids), que junto com outros representantes ajudou a construir o ato.

“A manutenção do Programa é referência e não faz o menor sentido mudar o que está dando certo, no atual contexto do país. Diferentes  organismos internacionais vieram, ainda este ano, conhecer o trabalho para se espelhar nesse modelo. Outra questão: essa proposta não foi discutida durante o ano todo e essa não é a melhor época para  se discutir. Muitos já estão viajando. Se a Secretaria quer discutir isso, que faça em 2020 de maneira horizontal”, comentou Marta Mc Britton, presidente do Instituto Cultural Barong.

Sucesso de público e felizes com a articulação e resultado

O abraço simbólico no prédio onde funciona o CRT/Aids de São Paulo foi organizado às pressas  e construído por muitos ativistas que dedicaram  seu tempo e  trocaram mensagens no whatsapp e e-mails em um curto espaço de tempo. Por isso todos consideraram o resultado da articulação um sucesso! “Em meio ao início das festas de final de ano fizemos uma intensa mobilização que uniu usuários e trabalhadores. A separação poderá trazer consequências ruins, inclusive perdas orçamentárias que garantem a compra de medicamentos  para doenças oportunistas, o que não trará nenhum benefício. Nenhuma instância foi informada. Existe um conselho gestor de usuários”, lembrou o professor Jorge Beloqui, ressaltando a importância do diálogo e construção conjunta.

“É importante que o governo   saiba que estamos atentos e que ele tenha consciência de que sabemos do desmonte que querem fazer na saúde”, salientou Cleonice Ribeiro vice-presidente do Sindsaúde de São Paulo.

Fabiana Oliveira, falando em nome do Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas, considerou o saldo da mobilização positivo. “ Foi um sucesso. Em uma semana nós construímos essa manifestação. O CRT é referência para o Brasil. Sua força está na unidade. Não dá para dividir. ”

Flip Couto, do coletivo, AMEM, também se mostrou feliz com a capacidade de organização dos ativistas. “Estamos aqui juntos para forçar a criação e a possibilidade de diálogos entre nós, os representantes dos diversos movimentos sociais. Todos temos pautas e demandas a favor da saúde pública”.

Alisson Barreto, representando o Fórum de ONGs/Aids de São Paulo parabenizou o esforço das ongs, redes e usuários. “Estivemos aqui desde o início da tarde convidando todos a participar. Deu certo”.

Desde a semana passada a Agência Aids procura a Secretaria Estadual de Saúde, no entanto, até o momento, nenhuma explicação oficial foi disponibilizada para publicação.

 

Dica de Entrevista

Mopaids

Tel.: (11) 2297-1516

GIV

Tel.: (11) 5084-0255

Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo

Tel.: (11) 3066-8016

 

Roseli Tardelli (roseli@agenciaaids.com.br)

Crédito das fotos: Marina Pecoraro, Marco Aurélio e Roseli Tardelli