Ativistas do movimento de aids receberam com cautela a notícia de mais uma paciente curada do HIV. Nesse caso, uma mulher norte-americana com leucemia se tornou a terceira pessoa do mundo, até agora, curada do HIV após receber um transplante de células-tronco de um doador que era naturalmente resistente ao vírus que causa a aids, relataram pesquisadores nesta terça-feira (15).

Para os especialistas no assunto, apesar do otimismo e de os avanços na ciência mostrarem que há possibilidade de cura para o vírus, ainda é necessário mais investimentos em pesquisas para entender como levar a cura para mais pessoas de uma maneira viável e funcional. Além disso, os ativistas se mostram apreensivos com as questões sociais que envolvem a luta contra aids e questionam se, ainda que houvesse uma cura, ela chegaria para todos que precisam.

 

 

Rafael Bolacha, ator e produtor: “Toda notícia de cura vem como um abraço, um respiro. Mesmo não como uma cura funcional, o acontecimento serve para abrir os olhos das pessoas desinformadas. Não estamos no passado, estamos seguindo para o futuro onde já temos muitos avanços sobre a vida com HIV, seus tratamentos e sua relação com a sociedade. Que isso ajude também para que as pessoas abandonem seus preconceitos e busquem informações atualizadas acerca do HIV/aids.”

 

Fabiana Oliveira, Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas: “Estamos cada vez mais perto da cura da aids. A evolução do tratamento nas últimas décadas já tem sido bastante positiva e, nos últimos anos, as notícias de possível cura têm sido promissoras. Estamos vendo a ciência avançando e inovando com boas perspectivas. O anúncio, deste novo caso que apresenta uma mulher curada do HIV após transplante de células tronco só reforça a esperança de um dia nos livrarmos dessa doença que carrega o peso do estigma, do preconceito e da discriminação. Enquanto a cura não chega de fato para todas as pessoas, seguimos com a adesão ao tratamento, tentando manter nossa carga viral indetectável e com as melhores expectativas por novas informações.”

 

David Oliveira, ativista e comunicador: “É animador, quanto mais gente curada, mais próximo de uma cura coletiva a gente está. Mas ainda sou uma pessoa cética no quesito de acesso para cura quando ela realmente acontecer. Falar sobre cura já não entra mais nas minhas pautas cotidianas porque a gente acaba lutando pela sobrevivência e pela qualidade de vida. A gente acaba até esquecendo isso. Acho que é uma notícia que merece total visibilidade, que traz esperança para as pessoas que foram diagnosticadas e que estão descobrindo o HIV, mas temos outras pautas de maior importância nesse momento, como falar de pesquisas e acesso a tratamento. É animador, mas devemos tomar cuidado com esses ápices de euforia.”

Rodrigo Pinheiro, presidente do Fórum de ONGs Aids de São Paulo (Foaesp): “Nós vemos com bons olhos, apesar de não ser uma estratégia viável, é mais um caso de transplante de células tronca na cura da aids. A gente vê que existe sim a possibilidade de no futuro termos uma vacina e a cura da aids. A gente acredita que é necessário ter mais investimentos em pesquisas. A gente viu que quando tem vontade política para se fazer pesquisas de vacinas, como foi o caso da Covid-19, houve bastante sucesso. Se tivermos mais investimentos, a gente pode sim ter uma vacina preventiva ou terapêutica. Mas viabilidade desse processo é o mais complicado.”

 

Jadilson Neto, presidente da ONG Empoderarte: “Esses resultados são positivos e deixam nós que vivemos com HIV/aids com esperança, pois estamos chegando cada vez mais perto da cura para toda mas em contrapartida. Espero que logo logo os pesquisadores encontre algo menos trabalhoso com técnicas que não exijam transplante.”

 

Salvador Correa, escritor e ativista: “Com muita felicidade e esperança recebemos a notícia do terceiro caso de cura com transplante de célula tronco e agora a primeira mulher. Mesmo sabendo que esse não pode ser considerado um tratamento em massa para população em geral, a pesquisa abre as portas para novos olhares que podem chegar a cura biológica. É preciso lembrar sempre que os antirretrovirais sociais ainda precisam ser fortalecidos para que possamos ver a remissão dos vírus ideológicos – como nos mostra Herbert Daniel, a cura social. Como nos inspira Betinho ao falar de cidadania, a cura somente será efetiva quando for acessível para todos. Que os avanços biomédicos possam seguir cada vez mais ampliando as tecnologias. Que nós como sociedade tenhamos a responsabilidade de ampliar o cuidado. A cura social exige que esse cuidado seja para todos. Saúde como um direito universal já! Tratamento para todos é o caminho para a cura do HIV!”

Veriano Terto, vice-presidente da Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids: “O que foi novidade vai se confirmando. A cura é um horizonte e um objetivo cada vez mais possível, cada vez próximo. Acho que rompe com o fatalismo de que a aids não tem cura e que com esforço, recurso, inteligência e investimento na ciência a gente vai chegar lá. Ciência e decisão política de investir, mostra que a gente vai deixando esse horizonte cada vez mais próximo. O Betinho já falava que a cura é a solidariedade, o esforço, é a vida. Mais uma vez ele tem razão. Quando a gente inverte, quando a gente decide, faz a diferença. Vamos afastar de vez esses fantasmas dessas campanhas que aparecem de doenças que tem cura, dizendo que tuberculose, hepatite tem cura, mas que a aids não tem. Essa foi uma campanha clássica de 99 e que voltou a se repetir. A aids tem cura, só não foi descoberta ainda, mas está em algum lugar.”

 

Beto de Jesus, diretor da Aids Healthcare Foundation no Brasil: “É o terceiro caso de cura do HIV no mundo e o primeiro em que é utilizado sangue de cordão umbilical, uma nova abordagem que pode viabilizar o tratamento para mais pessoas. Uma notícia dessa enche a gente de esperança! Seguimos firmes na luta contra a aids e confiando na ciência! E também sempre atentos para que novas tecnologias sejam acessíveis para o maior número possível de pessoas.”

 

Dica de Entrevista

Foaesp

Telefone: (11) 3334-0704

Rafael Bolacha

Instagram:@rafaelbolacha

Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas

Site: www.mncp.org.br

David Oliveira

E-mail: doliveira1402@gmail.com

Salvador Correa

E-mail: salvadorcamposcorrea@gmail.com

AHF Brasil

Telefone: (11) 2892-4814

ABIA

Telefone: (21) 2223-1040

Jadilson Neto
Telefone: (98) 99128-2711