06/05/2017 – 11h00

Estudo integra atividades inovadoras e intervenções destinadas a aumentar o número de testes de HIV entre jovens marginalizados de São Paulo

 Apesar da crescente evidência de que a epidemia de HIV no Brasil está crescendo rapidamente entre jovens gays, outros homens que fazem sexo com homens e indivíduos transgêneros (coletivamente GMT), esforços específicos para melhorar os testes de HIV e o tratamento dirigido a esta população marginalizada e vulnerável não foram eficazes. Em um esforço para enfrentar o implacável e desproporcional impacto do HIV / AIDS sobre a juventude GMT no Brasil, a Fundação para a Pesquisa sobre a Aids (amFAR) concedeu uma bolsa a um pesquisador paulista para conduzir um estudo piloto de prevenção do HIV combinando comportamentos estruturais e comportamentais Intervenções destinadas a aumentar os testes do vírus, e identificar infecções por HIV não diagnosticadas.

Daniel Dutra de Barros, MPH, da Escola de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, desenvolveu um estudo de prevenção do HIV chamado de Silk Brazil, baseado em um programa recreativo nos Estados Unidos chamado Projeto Silk – que oferece uma gama de serviços incluindo testes para HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis, cuidados de saúde mental, intervenções biocomportamentais, e serviços sociais e atividades para jovens GMT em Pittsburgh, Pensilvânia.

De Barros faz parte do programa amfAR HIV Scholars do Centro de Pesquisa em Saúde LGBT da Universidade de Pittsburgh. A missão do programa é apoiar a criação de respostas de saúde pública às dramáticas disparidades de saúde do HIV entre GMT em países de baixa a média renda.

Como pesquisador principal da Silk Brasil, de Barros pretende atingir jovens que freqüentam espaços públicos no bairro da Republica, no centro de São Paulo, em colaboração com o Grupo de Pesquisa de Direitos Humanos e Saúde NUDHES – LGBT, com sede na Santa Casa. De Barros planeja organizar vários eventos pop-up na área este ano para testar e avaliar os efeitos do programa. O estudo piloto será o primeiro a medir os efeitos de tais intervenções, usando atividades inovadoras de teste do HIV que aumentam a identificação de infecções não- diagnosticadas e melhoram a vinculação e retenção no atendimento aos jovens GMT no Brasil.

O Brasil tem o maior número de pessoas vivendo com HIV na América Latina. A epidemia permanece em grande parte concentrada entre populações-chave, incluindo usuários de drogas injetáveis, profissionais do sexo, homens gays e outros HSH. Nos últimos 10 anos, o número de novas infecções por HIV tem aumentado consistentemente entre HSH e jovens. Dados do Ministério da Saúde indicam que os diagnósticos de HIV entre indivíduos GMT aumentaram de 34,6% em 2004 para 43,2% em 2013.

"Como é o caso em muitos países, os estudos mostram continuamente que o GMT é afetado desproporcionalmente pelo HIV, e isso é agravado por fatores socioeconômicos, incluindo estigma, pobreza e falta de acesso aos cuidados de saúde", disse Kevin Robert Frost, CEO da amfAR. "Esperamos que a Silk Brasil nos permita entender melhor os comportamentos e necessidades específicas dessa população vulnerável, para que possamos fazer um melhor trabalho de prevenção de novas infecções pelo HIV.

"Esperamos que as descobertas do nosso estudo possam servir de modelo para outras cidades do Brasil e auxiliar como plataforma para alcançar gays e indivíduos transgêneros de alto risco e marginalizados", disse de Barros.

A amfAR tem apoiado várias organizações comunitárias no Brasil dedicadas à contenção da epidemia de HIV entre populações de risco, incluindo a Pela Vidda, a Sociedade Viva Cazuza, do Rio de Janeiro, e opassado, a AMFAR apoiou o XII Curso Avançado de Patogênese do HIV na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e, em conjunto com o curso, organizou um simpósio comunitário paulista para compartilhar as últimas pesquisas sobre HIV e progresso na cura.

Sobre a amfAR

A Fundação para a Pesquisa sobre o Aids (AMFAR) é uma das principais organizações sem fins lucrativos do mundo dedicada ao apoio à pesquisa sobre AIDS, prevenção do HIV, educação sobre tratamento e defesa de políticas públicas saudáveis relacionadas à AIDS. Desde 1985, o amfAR investiu cerca de US $ 480 milhões em seus programas e concedeu mais de 3.300 subsídios a equipes de pesquisa em todo o mundo.

Fonte: amfAR