Em plenária magna na Conferência Internacional de Aids, em Munique, realizada de 22 a 26 de julho, ativistas, pessoas vivendo com HIV/aids, líderes comunitários e profissionais de saúde organizaram um protesto durante o painel “Colocar as Pessoas em Primeiro Lugar: o Caminho do Futuro”.

Os manifestantes entraram na sessão vestindo jalecos médicos personalizados com mensagens de protesto que clamavam por direitos humanos, denunciavam a recusa de vistos para alguns ativistas pela União Europeia e incluíam um apelo pelo fim da limpeza étnica contra o povo palestino perpetuada por Israel. A manifestação foi marcada pelo grito de protesto “Comunidades são especialistas!” e destacou a frustração e as demandas de diversos grupos marginalizados e afetados pela epidemia de HIV/Aids ao redor do mundo.

Entre as reivindicações estava a necessidade urgente de priorizar as pessoas e comunidades na luta contra a epidemia. Os manifestantes pediam a inclusão de especialistas comunitários nos painéis de discussão e nas decisões políticas, ressaltando que muitas dessas vozes são frequentemente ignoradas ou excluídas devido à falta de diplomas formais ou à recusa de vistos.

Este ano, o tema da conferência é “Put People First” (Colocar as Pessoas em Primeiro Lugar), refletindo a necessidade urgente de centrar as políticas públicas nas pessoas mais afetadas pela epidemia. Enquanto os ativistas se manifestaram, o telão da sala que pode abrigar até 6 mil pessoas exibia uma mensagem em que afirmava que protestos e manifestações são bem-vindos na Conferência.

Em um depoimento emocionado, um dos ativistas declarou: “Destacamos esta cadeira vazia no palco como representação dos especialistas comunitários ausentes, aqueles que não estão nos painéis de especialistas porque não têm um PhD ou diploma médico, e aqueles que não estão aqui pessoalmente devido a recusas de visto. Nosso movimento é para expandir nossa definição de quem é considerado um especialista. Sem as comunidades, vocês estão deixando boas ideias e soluções inteligentes de lado. Eu desafio vocês a encontrarem um problema que as comunidades não possam resolver. Por favor, juntem-se a nós! Comunidades são especialistas! Comunidades são especialistas! Comunidades são especialistas!”

Os manifestantes reiteraram que sem a participação ativa e significativa das comunidades afetadas, qualquer esforço para combater o HIV/aids estaria incompleto e fadado ao fracasso. A cadeira vazia deixada no palco simbolizava a ausência dessas vozes cruciais, destacando a necessidade de um movimento inclusivo que valorize as contribuições de todos os membros da comunidade.

O protesto serviu como um poderoso lembrete da importância de colocar as pessoas em primeiro lugar e de garantir que todas as vozes sejam ouvidas e respeitadas na luta global contra o HIV/aids. A mensagem ecoada em Munique é clara: vidas humanas não têm preço e o acesso a tratamentos vitais deve ser universal.

Marina Vergueiro (marina@agenciaaids.com.br)

* A Agência de Notícias da Aids está cobrindo esta edição da Conferência com o apoio do Departamento de HIV/Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis (Dathi) do Ministério da Saúde e da Coordenadoria Municipal de IST/Aids de São Paulo. Os portais de notícias IG, Catraca Livre e a EBC (Empresa Brasil de Comunicação) também receberão informações sobre o evento.