Duas iniciativas que colocam a prevenção e os serviços especializados no cotidiano de populações historicamente vulneráveis ao HIV foram apresentadas nessa quinta-feira (25), em Munique, na Conferência Internacional de Aids. Em formato de pôsteres com apresentações ao público, a instalação da Estação Prevenção – Jorge Beloqui e a realização de ações do Projeto PrEP na Rua em casas de prostituição, experiências desenvolvidas pela Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo por meio da Coordenadoria de IST/Aids, estão sendo compartilhadas com todo o mundo.

“A Estação Prevenção realiza diariamente de 70 a 90 atendimentos. Enquanto se deslocam no seu cotidiano, as pessoas conseguem se prevenir, se testar e até mesmo iniciar o tratamento em casos de diagnóstico positivo para o HIV”, pontua Cristina Abbate, coordenadora de IST/Aids da cidade de São Paulo. “Estamos solucionando, portanto, uma barreira histórica que afasta a população das unidades, inserindo os serviços na vida e na rotina dos milhares de usuários da Estação República”.

A Estação Prevenção funciona de terça a sábado, das 17h às 23h, e, além das Profilaxias Pré e Pós-Exposição ao HIV (PrEP e PEP) e dos serviços de testagem e início da Terapia Antirretroviral (TARV), oferece também preservativos internos e externos, sachês de gel lubrificante e autoteste de HIV, tudo de forma gratuita.

Serviços especializados em casas de prostituição

A população de profissionais do sexo, historicamente estigmatizada e desproporcionalmente impactada pela epidemia de HIV, enfrenta dificuldades de acesso às unidades de saúde por conta de diversos fatores. Por isso, a Rede Municipal Especializada em IST/Aids da cidade de São Paulo, que tem como uma de suas importantes diretrizes a inserção dos serviços no cotidiano de locomoção e atuação de todas as populações vulnerabilizadas pelo vírus, leva todos os serviços de um Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) para os locais onde essas profissionais atuam e residem.

De acordo com Adriano Queiroz, coordenador de Prevenção da Coordenadoria de IST/Aids, “mulheres cis, mulheres trans e travestis profissionais do sexo ainda estão sub-representadas no acesso à PrEP”. Por isso, ele conta que a ampliação do acesso à PrEP – do início à continuação – por meio de atividades extramuros é fundamental. “Temos conseguido aumentar o número de profissionais do sexo em uso de PrEP e também de outras estratégias da prevenção combinada”, ele observa.

Cidade de São Paulo rumo à eliminação do HIV

Os esforços municipais para a ampliação do acesso aos serviços na capital geram resultados para a população. De 2016 a 2022, a redução de novos casos de infecção pelo vírus foi de 46% entre a população geral. Entre homens gays e outros homens que fazem sexo com homens, a redução foi de 47%. Entre a população jovem, de 15 a 29 anos, por sua vez, essa redução é ainda mais expressiva, chegando a 49%.

Com isso, é possível olhar para o futuro do cenário epidemiológico na cidade com entusiasmo. Cada vez mais, iniciativas inéditas na saúde pública brasileira, como o canal online SPrEP e as máquinas automáticas de entrega de métodos de prevenção ao HIV, impulsionam a cidade de São Paulo rumo à eliminação da epidemia de HIV enquanto um agravo de saúde pública.

Redação da Agência de Notícias da Aids

* A Agência de Notícias da Aids está cobrindo esta edição da Conferência com o apoio do Departamento de HIV/Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis (Dathi) do Ministério da Saúde e da Coordenadoria Municipal de IST/Aids de São Paulo. Os portais de notícias IG, Catraca Livre e a EBC (Empresa Brasil de Comunicação) também receberão informações sobre o evento.