Na 25ª Conferência Internacional da Aids (Aids 2024) em Munique, Alemanha, representantes da Casa da Pesquisa do Centro de Referência e Treinamento DST/Aids do Estado de São Paulo apresentaram um pôster com resultados do estudo “Estratégias Eficazes para Expandir o Uso da PrEP entre Mulheres Transgênero no Brasil”.

A pesquisa tem como objetivo alcançar mulheres trans que não utilizam PrEP, utilizando metodologias comportamentais e sociais, além de estratégias de redução de vulnerabilidades. A pesquisa oferece insights sobre como ampliar a profilaxia pré-exposição ao HIV (PrEP) entre essa população específica.

O projeto implementou a educação entre pares e a contratação de mulheres trans e travestis para a equipe, adotando uma abordagem abrangente de saúde que inclui cuidados psiquiátricos, terapia hormonal e assistência odontológica. A iniciativa também abrange ações sociais, como a distribuição de vale-alimentação, campanhas de doação de roupas e atividades culturais.

Os resultados são notáveis: em julho de 2023, as mulheres trans representavam 22,9% dos usuários de PrEP na Casa da Pesquisa, um aumento significativo em relação aos 5,3% de 2020. Esse progresso superou os dados estaduais e nacionais, onde essa população representa apenas 4% dos usuários de PrEP.

“Estamos extremamente orgulhosos do reconhecimento internacional que nosso trabalho está recebendo. Este projeto, focado na ampliação do uso da PrEP entre mulheres trans e travestis, não apenas destaca a importância de abordagens inovadoras e humanizadas na prevenção do HIV, mas também reafirma nosso compromisso com a promoção da saúde e do bem-estar de populações vulneráveis”, disse o pesquisador Vinicius Francisco, coordenador do estudo. Também é autora a pesquisadora Paola Souza, mulher trans. Ambos dividem a coordenação da Educação Comunitária.

“Este reconhecimento internacional não só valida nossos esforços, mas também coloca o Brasil na vanguarda das estratégias de prevenção ao HIV. Continuaremos a trabalhar arduamente para melhorar a vida das mulheres trans e de outras populações vulneráveis às IST e HIV, demonstrando que a educação comunitária é uma ferramenta poderosa e essencial na realização das pesquisas no campo do HIV/aids aqui no Brasil”, completou.

Redação da Agência de Notícias da Aids

* A Agência de Notícias da Aids está cobrindo esta edição da Conferência com o apoio do Departamento de HIV/Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis (Dathi) do Ministério da Saúde e da Coordenadoria Municipal de IST/Aids de São Paulo. Os portais de notícias IG, Catraca Livre e a EBC (Empresa Brasil de Comunicação) também receberão informações sobre o evento.