Diretamente da 24ª Conferência Internacional de Aids, no Canadá, o psicólogo Marcelo Jardim foi o convidado desta segunda-feira(1) na coluna Senta Aqui com Marina Vergueiro, no Instagram da Agência Aids. Marina e Marcelo conversaram sobre promoção da saúde sexual e reprodutiva entre jovens e adolescentes nas periferias de São Paulo, principalmente na favela de Heliópolis, falaram  a respeito da vulnerabilidade social, psicologia e epidemias.

Marcelo apresentou na Conferência seu projeto de pesquisa sobre saúde sexual. “ O pôster que levei para Montreal fala sobre os desafios para prevenção do HIV e promoção da saúde sexual entre jovens em uma favela de São Paulo nos dois primeiros anos da pandemia de Covid-19. Este é um projeto que venho desenvolvendo baseada na perspectiva de educação entre pares. Compartilhei minha experiência ao longo da pandemia de Covid-19”, disse Marcelo.

Atualmente ele trabalha como educador comunitário na Associação de Núcleos Moradores de Heliópolis e Região. “Fazemos trabalhos em escolas e comunidades em diferentes regiões de São Paulo, principalmente em Heliópolis, levando conhecimento técnico sobre prevenção ao HIV/aids e conhecimento social sobre esse tema também. Procuramos juntar essas informações e aplicar no cotidiano das pessoas, sempre levando em consideração contextos de violência de gênero, racismo, falta de moradia, acesso a comida e a educação de qualidade”, comentou.

O psicólogo disse ainda que considera este tipo de trabalho importante não só para os jovens, mas para todos.  “Nessas discussões e oficinas procuramos trazer informações que façam com que os jovens entendam que enquanto os direitos humanos de uma determinada população é violado, mais essas pessoas estarão suscetíveis a determinadas pandemias e agravos em saúde”, enfatizou o profissional.

Sexualidade e psicologia

Ao ser questionado sobre psicologia e sexualidade e de como esses caminhos se cruzaram, Marcelo respondeu que “a principal questão que envolve a psicologia foi de como ela, enquanto ciência, acabou contribuindo para o fortalecimento de um discurso heterosexista, de que haveria uma normalidade sexual e essa seria a heterossexualidade entre pessoas cisgeneras. Hoje, a principal contribuição da psicologia é desfazer esse tipo de entendimento, levando em conta a diversidade de orientação sexual, de gênero e entendendo que a gente tem o direito de viver sem ser discriminado”, lembrou.

Ele continua: “E esse ponto do que seria normal e do que seria anormal, fundamentaria várias discriminações, vários estigmas e preconceitos, e que isso leva a grandes problemas. Como psicólogo a gente tenta entrar nesse tipo de projeto com uma perspectiva mais emancipadora, de entendimento dessa vivência da sexualidade enquanto direito humano, buscando menos discriminação, redução de estigma, o primeiro passo para trabalhar com prevenção a HIV/aids em qualquer lugar é trabalhar o estigma, porque ainda é uma barreira”, destacou.

Marcelo contou que muitos participantes da Aids 2022 puderam se vacinar contra o monkeypox. “O governo liberou a vacina para quem está na conferência.”

Assista a live na íntegra:

Gisele Souza (gisele@agenciaaids.com.br)