O trabalho realizado pelo Instituto Vida Nova é pauta do quarto episódio da segunda temporada do PodH, podcast da Agência Aids, que vai ao ar nesta sexta-feira (2), na plataforma de áudio: Spotify.

O Instituto Vida Nova é uma Organização da Sociedade Civil de interesse público, que há 23 anos promove acolhimento, orientação, prevenção e assistência a pessoas vivendo com HIV inseridas em contextos de maior vulnerabilidade ao HIV e outras ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis).

O Vida Nova traz o lema: Não basta se indignar, é preciso fazer alguma coisa!”, contou Américo Nunes, fundador e coordenador de projetos.

Américo bateu um papo com a jornalista e apresentadora do PodH, Filomena Salemme, e contou que sua vivência positiva para o HIV serviu de combustível para fundar o instituto, além da vasta experiência adquirida em outra ONG que trabalhou anteriormente.

“O que me motivou a fundar o Vida Nova é que para que ele fosse uma instituição que fizesse a diferença, e não só mais uma na região. Então a ONG nasce com esse propósito de integração social, educação e cidadania, e de fazer a diferença oferecendo assistência às pessoas que vivem com HIV e aids na região lesta da cidade São Paulo. Não adianta a gente reclamar da situação, mas não apontar caminhos, direções ou até mesmo sugerir o desenvolvimento de ações propositivas”, completou.

No episódio, o coordenador relembrou a jornada que atravessou até que o sonho se materializasse e ganhasse um espaço físico. Neste processo, segundo ele, tiveram que lidar com inúmeros desafios, somados a preconceitos.

“Primeiro fomos procurar um lugar cedido, pois não tínhamos dinheiro. Até conseguíamos, mas para apenas um dia na semana, o que não era factível para a gente que já tinha uma proposta de trabalho que fosse uma jornada de trabalho de semana inteira, daí partimos para a locação de um imóvel”, relembrou.

Miss & Mister PVHA

Américo Nunes compartilhou um dos muitos projetos que a instituição realiza, o mais recente e inédito concurso lançado “Miss & Mister PVHA”.

“Nossa proposta foi quebrar paradigmas de perfil e padrões de beleza que são impostos pela sociedade, que indiretamente causam danos à saúde mental, principalmente de pessoas com HIV. Quisemos mostrar que independente do estado sorológico, a pessoa que vive com HIV tem sonhos, desejos, realizações e possibilidade de fazer o que quiser. Foi um concurso que trouxe todas as possibilidades de inclusão”.

Histórias de vida

A história do aposentado Marcos David Guerreiro, motorista de aplicativo, de 55 anos, também ganhou espaço no episódio.

Guerreiro vive com HIV há duas décadas. No começo, para ele, o diagnóstico era como uma sentença de morte. Seu adoecimento e emagrecimento repentino levantou suspeitas médicas, e logo após com o resultado dos testes em mãos, ao se deparar com o temido resultado positivo, à véspera do natal, sozinho, internado, ele conta que tentou acabar com a própria vida.

Entre melhoras e pioras no tratamento, no mesmo ano, Marcos alcançou carga indetectável para o vírus, e permanece assim até os dias de hoje.

Ele chamou atenção para o aumento do número de novos casos de aids entre os mais jovens e opinou que a conscientização acerca da doença deve ser rotineira. “Não tem que ser falado só no dia 1 de dezembro (Dia Mundial de Luta contra a Aids).”

Sobre sua passagem pelo Instituto Vida Nova, onde hoje é vice-presidente, ele fala: “Aprendi muito, é minha segunda casa. Ganhei muitos amigos, alguns se foram, outros estão lá… Lá a gente se doa, se preocupa com o outro… a preocupação com o outro é muito presente”.

Ele garante que em suas corridas de aplicativo, junto aos seus passageiros, conversas sobre prevenção é realidade. Ele aproveita cada oportunidade para disseminar informações corretas sobre a doença.

Dentre as questões complexas que a instituição precisa lidar, Marcos e Américo, em consenso elencam que a falta de sustentabilidade financeira é a principal delas.

“Às vezes pagamos uma conta sim, outra não… antigamente tínhamos contribuições voluntárias, mas hoje a situação do país está bem difícil para todo mundo. Muitas vezes o Américo tira do próprio bolso”, falou o vice-presidente.

“A parte financeira é a mais difícil da instituição, vendemos o almoço para comer a janta.

Os projetos não abarcam todas as despesas; conseguimos arrecadar recursos com contribuição espontânea da comunidade, mas que nem sempre atende o valor que a gente necessita”, complementou o coordenador Américo.

Ouça o episódio na íntegra:

Kéren Morais (keren@agenciaaids.com.br)