A popularização do preservativo interno ou, como é mais conhecido, da camisinha feminina pode ser um passo importante em direção à autonomia de mulheres. Este é um método contraceptivo de barreira, ou seja, impede a entrada dos espermatozoides no útero. Inserido na vagina em até 8 horas antes da relação sexual, ele protege contra infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), como HPV, sífilis e HIV, além de gravidez indesejada.

Esse tipo de preservativo surgiu na década de 1980 e está disponível gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS) desde 2000. Mas muitos desconhecem as vantagens e até mesmo a existência desse método. Feito de látex, nitrilo ou poliuretano, a camisinha feminina tem em torno de 15 centímetros de comprimento e dois anéis flexíveis em suas extremidades: um fechado, que deve ser introduzido na vagina, e outro aberto na parte de fora que impede que ele seja empurrado para dentro.

Importante destacar que o preservativo interno não pode ser usado junto com a camisinha masculina, já que os riscos de ambos rasgarem ou escorregarem é maior.

Em entrevista à Agência Aids, a ginecologista Lorenna Lopes, especializada em saúde da mulher, acredita que há muitos estigmas em torno dessa camisinha e que o preconceito é uma grande barreira para a adesão.

“Para driblar os mitos que se arrastam desde o seu surgimento a minha proposta as mulheres é o autoconhecimento acerca do próprio corpo. Sabemos que muitas mulheres não se tocam antes do sexo, o que acaba dificultando o uso’’, explicou a especialista.

No entanto, a médica chamou atenção para a falta de divulgação deste preservativo. “Não basta o autoconhecimento por parte das mulheres, é preciso também que elas acessem facilmente informações corretas sobre o tema. A nossa camisinha feminina precisa ser mais divulgada. Além disso, precisamos conversar mais sobre o formato, uma das principais queixas das pessoas que usam é o barulho do plástico durante a relação sexual. Isso gera desconforto’’.

A dra. Lorenna também pontuou que as dificuldades que meninas e mulheres enfrentam de inserir o preservativo no corpo faz com que muitas delas desistam do uso.

Para a ginecologista, as principais vantagens no uso camisinha interna são a proteção contra as ISTs e a liberdade e autonomia que a mulher adquire em relação a sua vida sexual quando passa ser adepta ao uso. “Com o preservativo feminino não dependemos da vontade dos outros. Como o anel externo envolve uma porção da vulva, a área protegida do contato com secreções que podem transmitir doenças é maior.”

Segundo informações do Ministério da Saúde, é importante alertar que a camisinha deve ser utilizada até mesmo durante o sexo oral, já que algumas ISTs são transmissíveis pelo simples contato da boca com a pele. É o caso da sífilis, gonorreia, herpes, HPV, entre outras.

Como colocar a camisinha feminina?

A colocação do preservativo feminino (interno) pode ser difícil nas primeiras tentativas. Mas, com a prática, fica mais fácil pegar o jeito. Acompanhe o passo a passo:

– Abra a embalagem cuidadosamente, sem usar os dentes ou tesouras, porque isso pode furar ou rasgar a camisinha;

– Segure o preservativo com o anel maior (aberto) virado para baixo;

– Segure o anel menor com os dedos polegar e indicador, apertando a argola no meio;

– Escolha uma posição confortável para introduzir o preservativo (pode ser agachada ou com uma das pernas dobradas);

– Insira o anel menor no interior da vagina, com a ajuda do dedo indicador;

– Uma vez dentro do canal vaginal, coloque o dedo indicador por dentro da abertura do preservativo e empurre até que apenas o anel maior esteja para fora.

Como retirar a camisinha feminina?

 – De preferência, esteja na posição deitada;

– Segure e rode o anel maior que está para fora da vagina, tomando cuidado para que as secreções não vazem;

– Puxe para fora delicadamente, como se fosse um absorvente interno;

– Dê um nó e jogue no lixo.

 

Kéren Morais (keren@agenciaaids.com.br) com informações

Dica de entrevista

Dra. Lorenna Lopes

dralorennalopes@gmail.com