”Há um tempo para cada coisa debaixo do sol, tempo de plantar, de colher, de nascer, de viver e de morrer…”.(Eclesiastes 3:1)

Hoje, foi o tempo de partir para a eternidade!  Nossa querida e guerreira na luta contra aids, nos deixa! Mas seu legado é perene e a semente plantada pôde ser colhida ao longo dessa jornada de quatro décadas e certamente será fonte de inspiração no futuro. Edificou uma casa sobre a rocha e por isso sobreviveu às tempestades, adversidades, querelas politicas, hordas conservadoras e atentados contra a ciência.  Assim podemos discorrer sobre o Programa de Aids, criado sob sua regência e firme comando, fundamentado na evidencia cientifica.

Impossível descrever seus feitos nesse pequeno texto, mas apenas relembrar e sentir. Sua personalidade forte e apaixonada pelo que fazia, mas ao mesmo tempo dócil, amável, carinhosa e amiga.

Seu respeito e rigor com o recurso público na busca constante de sua otimização e eficiência são aspectos indissociáveis de sua capacidade de gestão.

Sua criatividade, capacidade de investigação e implementação de inovações, que pudesse resultar no fortalecimento e ampliação do Sistema Único de Saúde na execução de ações em benefício da população, principalmente aquelas mais vulneráveis, foi uma das marcas mais presentes em sua gestão.

De formação protestante batista, nunca deixou que sua fé e formação religiosa passassem a ser a referência na tomada de decisões ou na implantação de novas estratégias na prevenção do HIV e na luta contra a aids. Tinha a ciência como única referência de conduta normativa e implantação de projetos e ações programáticas.

Tive a honra de ser seu discípulo ao longo de dez anos e exercer a função de substituto e assessor durante esse período, quando desafortunadamente, teve que se afastar de suas funções por motivo de saúde.

Ao substitui-la na direção do então Programa Nacional de DST/Aids, contando com a colaboração e parceria de colegas e o grande elenco que compunha a luta contra aids, busquei dar continuidade a seu hercúleo trabalho – continuei como seu discípulo, situação em que me coloco até nossos dias.

À dra. Lair, nossa mais sincera homenagem, por sua amizade, exemplo e por tudo que fez em prol de nosso país e por seus cidadãos, particularmente, aqueles mais vulneráveis e aqueles vivendo com HIV.

Que tenha Adonai inscrito seu nome no Livro da Vida!

Com o médico Euclides Castilho e a bioquímica Miriam Franchini em encontro com amigos no sítio do dr. Pedro Chequer, em homenagem a dra. Lair, em Luziânia

* Dr. Pedro Chequer é médico epidemiologista e ex-diretor do antigo Programa Nacional de Aids.

Contato: pchequer11@gmail.com