Existe um conceito difundido na ciência política chamado de “agenda pública”, que tenta explicar como nós, como sociedade nacional, nos organizamos para decidir sobre o que deve ser tratado primeiro numa lista de pendências e desafios que temos enquanto país – e pensando no Brasil, não são poucos. E é no advento das eleições, que esses temas são priorizados: quem pensa diversidade, portanto, não pode escapar de participar de um pleito eleitoral.
No entanto, já próximos de mais um período eleitoral na ainda jovem e imatura democracia brasileira, apenas 10% dos jovens aptos a votar estão prontos para o momento de maior expressão da vontade de um povo, quando se coloca na urna uma série de sentimentos, mas, principalmente, a percepção pessoal sobre pautas que devem ser prioritárias para um país.
Não se tem dúvidas que uma dessas pautas prioritários para o Brasil, ao lado da recuperação do poder de compra e da diminuição do abismo social, é a valorização da diversidade na nossa sociedade. Infelizmente, nos últimos anos, um discurso calcado num conservadorismo, por vezes fajuto em si mesmo, veio deslegitimar lutas históricas por visibilidade e respeito aos diferentes. O voto e o resultado eleitoral, em sim, podem mudar a chave da percepção da sociedade sobre esse tema.
O recado das urnas vem, portanto, com tamanha intensidade que se sobrepõem aos demais movimentos e se alastra por quatro anos afetando a formação, ou dissolução, de políticas públicas, mas, também, tendo um impacto social nos costumes dos cidadãos. A política é instrumento de voz usado pela sociedade, mas também influencia comportamentos, inclusive de ódio e preconceito, como temos visto nos últimos anos.
Deixar a arena política para o adversário assumindo que essa não é uma seara que lhe agrada é direito de cada um, mas cobra o preço de todos, afinal, poder não admite vácuo. É nesse sentido, que a juventude, em especial, cujos valores são, majoritariamente, mais ligados aos temas humanistas e progressistas precisa estar antenada sobre sua participação no pleito eleitoral.
Não é possível imaginar a construção de um futuro que, goste ou não, passa inevitavelmente pela política sem a participação daqueles que vão vivenciar esse momento vindouro. O setor privado, em especial, as grandes empresas já entenderam o valor da diversidade como um verdadeiro ativo para seus quadros de colaboradores: empresas cujos empregados apresentam diversidade de características obtém melhores resultados, uma vez que enxergam o mundo, e os problemas dele, sob diferentes vieses.
Já a sociedade e o poder público, por sua vez, sempre tende a tomar mais tempo para perceber novos movimentos, mas é preciso que sejam pautados e impulsionados por uma voz política e quem dá entonação a uma voz política é o povo por meio do voto popular.
Por isso, defender, e viver, a diversidade passa, impreterivelmente, e em nome do avanço, mas também sob a ótica da contenção de retrocessos, na participação política e eleitoral. É fundamental entrar no “rolê” da urna, como dizem os mais jovens.
* Floriano Pesaro é sociólogo, político brasileiro, eleito Deputado Federal em 2014 pelo PSDB. Foi vereador da cidade de São Paulo. Durante as gestões de Geraldo Alckmin à frente do Estado de São Paulo, foi secretário-adjunto da Casa Civil (2003-04) e Secretário de Estado do Desenvolvimento Social (2015-18).