Nessa sexta-feira (15), movimentos sociais voltados à saúde participaram de uma roda de conversa no G20 Social, evento inédito promovido pelo Governo Federal no Rio de Janeiro. O encontro teve como tema central o Mapa Colaborativo dos Movimentos Sociais em Saúde (MapaMovSaúde), uma ferramenta digital lançada em setembro deste ano, que busca integrar e dar visibilidade a iniciativas sociais na área da saúde em todo o Brasil.
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, abriu a agenda destacando a relevância da participação social no fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS). “Precisamos avançar em construções coletivas, com um governo que escuta e integra práticas e conhecimentos para um caminho coletivo”, afirmou.
O MapaMovSaúde já conta com cerca de 500 movimentos sociais cadastrados. A plataforma é um espaço para que entidades populares e organizações registrem suas histórias, demandas e iniciativas, promovendo interação e colaboração entre territórios e redes digitais. “Esse é um espaço de aprendizado e de construção coletiva, que reflete a força e a beleza do movimento social”, complementou Nísia.
A ferramenta utiliza o software livre MediaWiki, permitindo que os movimentos se autogerenciem, atualizando informações, incluindo vídeos, fotos e contatos. Além disso, ela promove georreferenciamento das iniciativas, destacando as lutas e conquistas locais.
O papel dos movimentos sociais no fortalecimento do SUS
Para Fernanda Magano, do Conselho Nacional de Saúde, o MapaMovSaúde é mais que uma plataforma: é um instrumento estratégico para organizar movimentos e fortalecer o controle social sobre os serviços de saúde. Ela lembrou que, na 77ª Assembleia Mundial da Saúde, o Brasil foi citado como exemplo de participação social.
Rodrigo Murtinho, diretor do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (ICICT/Fiocruz), destacou que o uso de tecnologia e informação no MapaMovSaúde é um passo fundamental para o fortalecimento da democracia e para ampliar a articulação das políticas públicas.
Saúde e meio ambiente em foco
O vice-presidente da Fiocruz, Hermano Castro, chamou a atenção para os impactos dos desastres ambientais no sistema de saúde pública, apontando a necessidade de preparar o SUS para atender populações afetadas. “O desastre ambiental não é natural, mas consequência de um modelo econômico insustentável. É essencial que o SUS esteja fortalecido para responder a esses eventos, como vimos em Mariana, Brumadinho e no Rio Grande do Sul”, explicou.
Moisés Borges, da coordenação nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), reforçou a ligação entre saúde e políticas sociais: “Discutir saúde é também discutir justiça social e os impactos de políticas econômicas.”
Como participar do MapaMovSaúde
Movimentos sociais interessados podem se cadastrar na plataforma para registrar suas histórias e lutas, além de compartilhar experiências e fortalecer a rede de colaboração em saúde no Brasil. A ferramenta é aberta e inclusiva, permitindo que os próprios movimentos administrem seus conteúdos.
Redação da Agência de Notícias da Aids