O escaldante sol de Belém já brilhava forte quando, às 9h30, a equipe da ONG Paravidda partiu do bairro Jurunas, região central da cidade, para uma ação que mobilizou a comunidade à prevenção do HIV”.

O cenário escolhido para a ação foi o icônico Mercado Ver-o-Peso e seus arredores, no coração de Belém.

As ações realizadas fazem parte do “Égua Mano(a), vamos prevenir!”, iniciativa liderada pela ONG Paravidda com objetivo de levar à população de Belém informações sobre prevenção, autocuidado e a capacitação de 60 lideranças comunitárias, que levarão às suas comunidades sobre a importância do diagnóstico precoce e início imediato ao tratamento.

As atividades presenciais realizadas em junho se concentraram na Zona do Meretrício (Ruas 1º de março, Riachuelo, Gaspar Viana e Padre Prudêncio) e na Zona Comercial (Feira do Ver-o-Peso, Centro Comercial e Avenida Portugal), áreas que abrangem os bairros da Campina e Comércio. Foram realizadas abordagens com feirantes, pessoas em situação de rua, migrantes e profissionais do sexo que vivem e trabalham nessas regiões.

Pelas ruas do mercado e entre feirantes que gritavam as ofertas e promoções do dia para os mais variados produtos, a equipe da ONG Paravidda falava sobre a importância da camisinha, das profilaxias pré-exposição (PrEP) e pós-exposição (PEP) e de outros métodos de prevenção. Também distribuíram material informativo com dados sobre as unidades de saúde no município que fazem testagem, acolhimento e dispensação de medicamentos.

“Na ação, nós desenvolvemos a metodologia corpo-a-corpo, que consiste em trabalhar as informações com profissionais do sexo e a população em geral, com distribuição de preservativos e informação”, diz Jair Santos, presidente da ONG Paravidda. “Para nós é muito importante que, ao final do projeto, essas pessoas estejam empoderadas – seria um resultado fantástico –, uma vez que ainda há muita dificuldade em acessar políticas públicas”, finaliza.

As atividades se encerram em 29 de setembro, durante a 22ª Parada do Orgulho LGBTQIA+ de Belém.

Ações realizadas pela ONG Paravidda fazem parte do projeto "Égua mano(a), vamos prevenir!".

O projeto “Égua Mano(a), vamos prevenir!” foi contemplado pelo Edital Fast-Track Cities, e é coordenado pelo Unaids e tem o apoio do Ministério da Saúde. Este Edital financia projetos realizados por Organizações da Sociedade Civil (OSC) que atuam na resposta ao HIV em cidades selecionadas como prioritárias de acordo com dados do Boletim Epidemiológico HIV/aids 2023. Belém, Aracaju, Porto Alegre, Manaus e Salvador foram as cidades selecionadas na segunda edição do Edital.

A iniciativa Fast-Track Cities é uma parceria global entre municípios e quatro principais organizações: o Unaids, a Associação Internacional de Provedores de Cuidados com a Aids (IAPAC), o Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (UN-Habitat) e a Cidade de Paris.

Dados epidemiológicos de Belém

Dados do Boletim Epidemiológico de HIV/aids 2023 mostram que Belém tinha a mais alta taxa de detecção de aids entre as capitais brasileiras, com 58,4 casos por 100 mil habitantes em 2022.

Entre 2018 e 2022, a cidade ocupou a 2ª posição no ranking das capitais pelo índice composto, dado que reflete as taxas de detecção, mortalidade e outros indicadores relacionados ao HIV e à aids. A capital paraense ficou com 6,796, atrás apenas de Porto Alegre.

“As atividades realizadas pela ONG Paravidda com este projeto de prevenção do HIV vêm para mudar a realidade que os dados epidemiológicos locais já nos mostram: que há muitas barreiras que impedem parte da população belenense de conhecer informações básicas sobre a situação do HIV na cidade, e isso as afasta do autocuidado, da prevenção e do tratamento”, alerta Ariadne Ribeiro, oficial de Igualdade e Direitos do Unaids. “Iniciativas como as da ONG Paravidda, em parceria com a gestão municipal e o apoio do Unaids e do Ministério da Saúde são, portanto, fundamentais.”

Participação da gestão municipal

A participação ativa da gestão municipal é um dos pilares da iniciativa Fast-Track Cities no Brasil. Isso inclui o endosso do município aos projetos selecionados e a disponibilização de insumos para a execução das atividades.

“A participação [da gestão municipal] é de suma importância, pois a ONG Paravidda já atua há muitos anos nesse segmento, trazendo para o município apoio e subsídio em relação à sociedade civil, então o projeto só tem a somar para a capital e para os cuidados de HIV em Belém”, diz Mauro Brabo, coordenador da Referência Técnica de IST/Aids e Hepatites Virais de Belém.

Abaixo, você confere o vídeo gravado durante a realização das ações em Belém.

Fonte: Unaids