Desde a última semana, tem circulado no Instagram e em grupos do WhatsApp a informação de que o governo de São Paulo está estudando um novo modelo de gestão para o Instituto de Infectologia Emílio Ribas. De acordo com a Associação dos Médicos do Instituto de Infectologia Emílio Ribas (AMIIER), a Coordenadoria dos Serviços de Saúde será extinta, e o Instituto, que atualmente opera como um serviço de porta aberta (sem necessidade de agendamento prévio), passará a ser administrado por outra instituição, enfrentando mudanças significativas.

“A opção apresentada em uma reunião convocada pela diretoria do Instituto de Infectologia Emílio Ribas foi a incorporação ao Hospital das Clínicas, mas ainda não há detalhamento de como se daria essa transição”, informa o Comunicado do AMIIER publicado no Instagram @EmilioRibasPorInteiro.

Diante da preocupação com o cenário atual e o desencontro de informações, os médicos da AMIIER participaram, nesta segunda-feira (17), de uma audiência na Secretaria de Saúde. Na ocasião, eles solicitaram explicações detalhadas sobre todas as opções possíveis para o novo modelo de gestão.

Também está programado para essa terça-feira, dia 18, uma assembleia para avaliar a situação, seguida por um abraço simbólico ao Instituto de Infectologia Emílio Ribas. A concentração será às 11h, em frente ao hospital, situado na Av. Dr. Arnaldo, 165, Pacaembu, na cidade de São Paulo.

O coletivo #EmílioRibasPorInteiro defende cinco pontos fundamentais para o funcionamento do Instituto:

1 – Continuar como serviço 100% público, com atendimentos unicamente via Sistema Único de Saúde (SUS);

2 – Manutenção do hospital como instituto de infectologia, dedicado à especialidade;

3 – Protagonismo na saúde pública, mantendo-se referência para atendimento de epidemias;

4 – Permanecer como hospital de ensino, fundamental para formação de profissionais de saúde de todo país; e

5 – Hospital de porta aberta para atendimento à população.

Referência em infectologia

Fundado em 1880 e localizado na zona oeste de São Paulo, o Hospital Emílio Ribas é uma referência em infectologia. Durante a recente epidemia de dengue, bem como ao longo da pandemia de covid-19, destacou-se pelo cuidado especializado aos infectados pela doença.

O Emílio Ribas oferece atendimento em diversas especialidades, como tuberculose e HIV, focando especialmente nas populações mais vulneráveis socialmente. Segundo dados do Ministério da Saúde, no ano passado, 3,4% das pessoas em situação de rua foram diagnosticadas com tuberculose, uma taxa que é 54 vezes maior do que na população em geral.

Além disso, a instituição disponibiliza serviços de profilaxia pré-exposição para indivíduos com maior risco de contrair HIV, assim como profilaxia pós-exposição, destinada a pacientes que foram vítimas de violência sexual.

O outro lado

A Agência Aids entrou em contato com a Assessoria de Imprensa da Secretaria para saber qual é a posição oficial do governo. O veículo enviou as seguintes perguntas: “Gostaríamos de saber o que foi conversado com os representantes dos médicos?”; “Qual a posição oficial da Secretaria?”; “Como a Secretaria se posiciona em relação a nova postura dos médicos, funcionários com o abraço simbólico?”

Em nota oficial, a Secretaria afirmou que “não há, neste momento, no âmbito desta Secretaria, qualquer estudo para mudança de gestão no Instituto Emílio Ribas. Tampouco procede a informação de que o hospital será ‘privatizado’. Nesta segunda-feira (17), a Secretaria atendeu a um pedido da Associação dos Médicos do Instituto de Infectologia Emílio Ribas e recebeu representantes da entidade.”

Redação da Agência de Notícias da Aids

Dica de entrevista

Instituto Emílio Ribas

Tel.: (11) 3896-1200