A diversidade está presente nas empresas, queiram ou não queiram, mas há empresas que escolhem colocar esse tema na mesa e trabalhar com ele. Há pressão cada vez maior, de fora para dentro, de dentro, de todos os lados, para que diversidade seja um assunto e para que seja respeitada e promovida. É uma escolha, com pressão ou sem pressão.
É assim com a diversidade sexual e de gênero, que passou a ser um tema na agenda de diversidade, equidade e inclusão, inserida na agenda mais ampla de sustentabilidade e responsabilidade social empresarial, bem como na sua agenda específica chamada ESG, do mundo de investidores. Há empresas escolhendo, por variados motivos, trabalhar esse tema de forma concreta, com intencionalidade e planos de ação efetivos.
Respeitar e promover direitos humanos de pessoas LGBTI+ pode ser praticado dentro da empresa e nas relações com diferentes públicos ou stakeholders. Eu e Beto de Jesus criamos, em 2013, um espaço com empresas que estavam atuando de alguma forma com diversidade sexual e de gênero, convidando para que assumissem o protagonismo também no ambiente de negócios mais amplo e na sociedade.
O Fórum possui 10 Compromissos para consolidar essa articulação em torno de uma agenda de trabalho concreta, com atividades quase que diárias para colaboração e assessoria especializada permanente para aprimoramento das práticas de gestão nas empresas signatárias e para influenciar a sociedade. São grandes marcas, lideranças empresariais das mais importantes do nosso país, expressando compromisso com direitos humanos de pessoas LGBTI+ e trazendo essas vozes para se juntarem às vozes de ativistas e organizações da sociedade civil que historicamente estão promovendo esses direitos.
Tenho lembrado que o Dia do Orgulho LGBTI+ é celebrado porque a vergonha nos foi imposta por um padrão de normalidade cisgênero, heterossexual, de características sexuais, entre outros aspectos da nossa rica diversidade sexual e de gênero. Celebrar o orgulho é celebrar lutas, conquistas, o que já temos e o que ainda precisamos alcançar, mas com essa consciência de que temos o Estado Democrático de Direito em vigor, organizações governamentais, organizações da sociedade civil, pessoas aliadas e também, há mais de 10 anos, o mundo empresarial representado pelo Fórum articulados para trabalhar por avanços significativos.
A empregabilidade de pessoas trans, visivelmente, deve ser celebrada porque houve um tempo, não mundo distante, em que essas pessoas não tinham vez e nem voz no mundo do trabalho. Entre as muitas autorizações para a prática de violência contra pessoas LGBTI+, até mesmo dentro de casa, pela própria família, havia essa de impedir o emprego formal a pessoas trans. Isso mudou também graças ao Fórum e a organizações como a TransEmpregos. Agora é melhorar os números de pessoas incluídas efetivamente no mercado de trabalho formal, mas o “paradigma” da exclusão de pessoas trans não só não existe mais como há medidas voluntárias ou decisões do Estado para considerar pessoas trans. Vamos juntos celebrar e ajudar o país a avançar em direitos humanos LGBTI+?
* Reinaldo Bulgarelli é secretário-executivo do Fórum de Empresas e Direitos LGBTI+.