A Coordenadoria de IST/Aids da cidade de São Paulo tem concentrado seus esforços na implementação de estratégias de acesso à prevenção, ao diagnóstico e ao tratamento do HIV e de outras infecções sexualmente transmissíveis na maior metrópole da América Latina. Nesse contexto, a cidade tem adotado medidas como a flexibilização dos dias e horários de atendimento, a redução de barreiras físicas e sociais e a oferta de soluções rápidas às demandas da população. Iniciativas como a intensificação de ações extramuros e o acesso às profilaxias por meio do canal online SPrEP e da Estação Prevenção na estação República do Metrô se destacam.
Não por acaso, a cidade de São Paulo alcançou, pelo sexto ano consecutivo, significativa redução nos novos casos de HIV, totalizando 45% de queda entre 2016 e 2022, índice ainda mais significativo na população de gays e homens que fazem sexo com homens, chegando a 47%, e na população jovem (de 15 a 29 anos), com queda de 49%. Além disso, a capital apresentou redução de 51% nos casos de Aids. Esses números refletem os esforços contínuos da Secretaria da Saúde em expandir as opções de prevenção na cidade.
Essa significativa diminuição é atribuída, em grande parte, à expansão da oferta de tecnologias de prevenção, indo além das abordagens tradicionais, como a distribuição de preservativos em terminais de ônibus e estações de metrô. Fundamentalmente, a introdução e oferta das profilaxias pré e pós-exposição ao HIV (PrEP e PEP) foram determinantes nesse cenário. Em 2023, por exemplo, foram cadastradas mais de 12 mil novas pessoas em PrEP.
Outros fatores que contribuem exponencialmente para o aprimoramento constante da resposta à epidemia de HIV/Aids no município são a realização de ações extramuros do projeto “PrEP na Rua” (com mais de 360 edições em diferentes regiões e horários diversificados no ano de 2023), o início imediato da Terapia Antirretroviral (TARV) e o índice de mais de 96% das pessoas vivendo com o vírus na cidade em supressão viral, ou seja, com carga viral indetectável.
Além disso, a Portaria Municipal N° 801, publicada em 2023 no Dia Mundial da Aids (1º de dezembro), autorizou a prescrição do início da TARV por parte de enfermeiros, representando um avanço importante nas políticas de saúde pública ao facilitar ainda mais o início do tratamento.
Conselho Empresarial de HIV/Aids potencializa acesso aos serviços especializados por meio de parceria público-privada
Como parte das comemorações do aniversário da cidade de São Paulo, agora em janeiro de 2024, a Coordenadoria de IST/Aids, em sua segunda edição, reconhece Empresas e organizações da inciativa privada, como parceiras exponenciais nas estratégias empregadas na capital para a expansão de informações e serviços em HIV/Aids. A primeira edição ocorreu em 2019, quando o Conselho Empresarial para Prevenção ao HIV/Aids da capital foi criado.
O Conselho é composto por empreendedores de diferentes áreas de atuação, tais como Universidades, Empresas de Transportes Públicos, SESC, Agência de Notícias da Aids, fundações de educação e comunicação, dentre outras. Também são destacadas empresas da área de entretenimento adulto, aliadas à causa e que desempenham um papel relevante na divulgação e promoção das políticas públicas para a população com risco acrescido para as infecções de transmissão sexual.
Rumo à eliminação da transmissão horizontal do HIV e perspectivas para o futuro
O êxito da cidade de São Paulo em sua resposta à epidemia de HIV sinaliza a trajetória rumo a um desafio ambicioso, porém factível em breve tempo: a eliminação do HIV como um agravo de saúde pública na capital. Com a transmissão vertical do vírus eliminada desde 2019, a eliminação da transmissão horizontal é o principal objetivo da gestão ao olhar para os próximos passos no que diz respeito às políticas implantadas em diferentes formatos e conforme demandas da população.
Para isso, a Secretaria Municipal da Saúde tem como meta aprimorar ainda mais a expansão das unidades de prevenção para além dos espaços tradicionais, estendendo essas unidades à áreas mais distantes do centro e inserindo-as na rotina de locomoção das pessoas. Além disso, reconhecendo a importância do acesso à prevenção por parte de populações que sofrem os impactos da epidemia de forma intensificada pelas questões raciais, sociais e de gênero, a cidade de São Paulo, que já alcançou mais de 40% de acessos pela população de pretos e pardos, está focada em levar cada vez mais, os serviços de prevenção a locais de convivência destas comunidades, bem como, dos grupos de pessoas trans e gays. Com isso, busca-se reduzir as disparidades e promover o acesso igualitário aos serviços gratuitos oferecidos pelo SUS na área de HIV/Aids e outras IST.
Com otimismo e comprometimento, estamos trilhando um caminho promissor rumo ao controle da epidemia na capital, proporcionando uma melhor qualidade de vida para sua população e inspirando outras cidades de todo o mundo a investirem no enfrentamento ao vírus e às demais IST.
* Maria Cristina Abbate é coordenadora da Coordenadoria de IST/Aids da Cidade de São Paulo.