A depressão entre jovens com tuberculose e coinfectados pelo HIV tem sido um dos temas discutidos na Conferência Mundial sobre Saúde Pulmonar da International Union Against Tuberculosis and Lung Disease (The Union), que acontece em Paris, na França, 15 a 18 de novembro.

A pesquisadora peruana Victoria Sanches Guzman levantou a assunto em um dos diversos painéis  que  acontecem simultaneamente a cada turno. Para ela, fatores emocionais associados, como a depressão, estão ligados ao estigma e à depreciação da auto imagem entre a população de adolescentes e jovens afetados pela tuberculose e também pelo HIV.

Uma forma encontrada por ela de amenizar este problema, foi a oferta de terapia breve a este público, por meio da ONG Sócios en Salud e, posteriormente, encaminhá-los ao acompanhamento de um profissional.

O tema da Saúde Mental também teve destaque em outra apresentação, desta vez relacionado também ao consumo abusivo de álcool e outras drogas. Em sua fala, a pesquisadora indiana Gauri Dhumal destacou ações de aconselhamento realizadas durante a sua pesquisa, que incluíam estratégias de redução de danos a fim de minimizar os efeitos tóxicos dos medicamentos.

E o Brasil?

Uma pesquisa da UFRJ tem estudado a realidade da TB e Depressão, em parceria com  a Universidade de Columbia nos Estados Unidos. Segundo o coordenador da pesquisa, Afranio Kritski, já há fortes indícios da presença da depressão entre pacientes com TB, mas estes níveis tendem a diminuir durante o tratamento. O estudo realizado  em Duque de Caxias (RJ) com 317 pacientes mostrou uma alta taxa de depressão (64%). Dados do último mapeamento sobre a doença realizado pela Organização Mundial da Saúde apontam que 5,8% da população brasileira sofre de depressão, o equivalente a 11,7 milhões de brasileiros.

Coinfectados x Multi infectados

Uma constante em grande parte das temáticas tratadas na Conferência é a conjunção de vários fatores sociais que incidem no tratamento e superação da TB. Além da presença de outras patologias como HIV, diabetes e hepatites, outros pontos têm sido levantados, tais como a obesidade, distúrbios alimentares e mentais, uso de álcool e drogas e qualidade de vida.

Isto faz com que não se pense apenas numa única conexão ligada a TB, mas várias, formando uma realidade de multifatores agindo no processo dos pacientes, destacou Max Ludwig, da Universidade de  Munique.

Visiteo site da Conferência Mundial sobre Saúde Pulmonar.

 

Liandro Lindner, de Paris