Ao todo, foram 24 pessoas que não sobreviveram à doença causada pelo HIV no último ano

Em 2022, Americana teve a maior quantidade de óbitos de pessoas com Aids, ao menos, nos últimos cinco anos. Ao todo, foram 24 pessoas que não sobreviveram à doença causada pelo HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana).

Os dados são da Vigilância Epidemiológica da cidade e constam no Informativo Socioeconômico 2023, lançado pela prefeitura na última quinta-feira. O maior número no período, até então, tinha sido registrado em 2020 com 15 mortes.

O levantamento também apresentou salto em outra estatística, de novos casos de Aids. No ano passado, foram 41, sendo 28 de homens e 13 de mulheres. Atualmente, no município, há 720 registros acumulados.

“Esses números, principalmente o de óbitos, se dão por dois motivos: o primeiro é o diagnóstico tardio, e acontece quando o paciente tem alguma complicação. O segundo motivo é a falta de adesão ao tratamento, já que muitos não seguem corretamente”, contou a enfermeira do SAE (Serviço de Atendimento Especializado em Infectologia) de Americana, Marinilze Giubbina.

O médico infectologista Arnaldo Gouveia Junior, que trabalhou na rede pública de saúde, concorda que muitos pacientes com Aids chegam ao hospital em situação praticamente irreversível. Porém, o profissional também aponta outras situações.

Faz anos que não se vê campanhas permanentes quanto à prevenção do HIV. Além disso, após o início da pandemia da Covid-19, a procura por diagnósticos no sistema de saúde caiu. E tem um outro ponto: antigamente, se falava muito em morte por Aids. Hoje, isso tem se tornado menos comum pelo avanço nas formas de tratamento. Então, perdeu-se o medo da doença, principalmente entre os mais jovens”, apontou Arnaldo.

O infectologista também explica que todos os casais não-monogâmicos, inclusive heterossexuais, estão expostos ao risco do HIV.

Além disso, ele também atenta para outras infecções que também são sexualmente transmissíveis.

“Alguns pacientes falam que podem tomar a profilaxia para prevenir o HIV, mas eu sempre digo: a camisinha evita também de pegar sífilis, gonorreia, varíola do macaco, hepatite C. Então, por que arriscar algo pior?”, disse.

Apoio e consciência 

Segundo Marinilze, os soropositivos que não dão sequência ao tratamento geralmente alegam dois motivos: negação e falta de suporte financeiro ou familiar.

Em Americana, a Aephiva (Associação Ecumênica dos Portadores de HIV de Americana) há 27 anos promove campanhas, e faz o acolhimento e a inclusão de pessoas que vivem com o HIV e e outras ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis). O encaminhamento, quase sempre, é feito pelo SAE.

“Hoje, as ISTs são como uma doença crônica, que têm tratamento. A pessoa precisa ter certos cuidados, mas ela consegue ter qualidade de vida. Nós oferecemos o atendimento médico e psicológico, e orientamos para importância da boa alimentação, para deixar o uso de drogas, de bebidas alcoólicas”, afirmou Raquel Oliveira, assistente social da Aephiva.

Os testes do HIV podem ser realizados no Centro de Testagem e Acolhimento do SAE, ao lado do Hospital Municipal de Americana. Já a Aephiva, para outras orientações, tem a sua sede na Rua dos Estudantes, 513, na Vila Cordenonsi.

Fonte: Liberal