O HIV/aids já foi tema central da maior Parada do Orgulho LGBTQIAP+, que acontece em São Paulo. Neste ano, vamos chamar atenção para a importância das políticas sociais para essa comunidade. É inegável que a Parada é da diversidade, mas também é da saúde, da responsabilidade social, é do ativismo, inclusive do movimento social da luta contra aids.  Por isso, pela primeira vez teremos um trio dedicado à sociedade civil que atua na luta contra aids em São Paulo. E não é por acaso, somos mais de um milhão de pessoas vivendo com HIV/aids.

Não podemos dizer que o HIV é uma doença de LGBTQIAP+, mas é importante reconhecer que desde o começo da epidemia este vírus tem afetado essa comunidade de forma desproporcional.

Infelizmente, ainda nos dias atuais, a comunidade LGBTQIAP+ sofre o estigma e a discriminação também por conta do HIV/aids. Na trajetória do enfrentamento da epidemia em nosso país, a estigmatização e a dificuldade de acessar a comunidade e propor as melhores metodologias de prevenção sempre nos marcou.

A 27ª Parada do Orgulho LGBT+ traz mais uma vez o reforço da mensagem que devemos continuar pensando e trabalhando para que essa questão possa ser enfrentada.

Nesse sentido, gostaria de deixar aqui meu agradecimento a Associação da Parada do Orgulho LGBT, que entendeu e reconheceu que nós, enquanto movimento social, podemos sempre compor. Fica aqui também o agradecimento à AHF Brasil e a Impulse, que se juntaram a nós neste desafio de levar para a avenida as questões relalcionadas ao HIV/aids.

Ficamos muito felizes e agradecidos pelo convite de termos um trio na avenida, levando a informação e a conscientização das questões que são necessárias para o nosso avanço, principalmente trazendo mensagens com relação ao I=I (Indetectável é igual a intransmissível). Quem vive com HIV e está indetectável, não transmite o vírus para outras pessoas. O estigma, o preconceito e a discriminação ainda são as maiores causas de sofrimentos e morte civil e física das pessoas vivendo com HIV/aids.

Vamos ocupar a avenida para reivindicar uma assistência e prevenção integral para a população LGBTQIA+, no sentido de ampliar as ações e estratégias de governos e da própria sociedade, de poder garantir que aquilo que se avançou na medicina, também seja refletido no campo social.

Este não é apenas o trio do movimento aids, é também a nossa homenagem enquanto ativistas ao nosso companheiro de luta, Jorge Beloqui. Nosso trio “Jorge Beloque: ativismo e mobilização”, é um reconhecimento a essa pessoa que vivia com HIV/aids e nos deixou este ano. Ele foi muito importante para a militância, formação, para a ciência, academia e vários outros setores da sociedade, buscando sempre atualizar os seus pares.

Jorge Beloqui militou também no movimento LGBT na década de 70/80, e de lá para cá, com o compromisso de promover maior conhecimento e articulação, esteve sempre presente em todos os espaços sociais, inclusive nas paradas anteriores.

O trio Jorge Beloqui traz organizações não governamentais da cidade de São Paulo e movimentos sociais que são representativos de coletivos.  Convidamos todas as pessoas para visitarem os sites e as próprias ONGs, para colaborar e ampliar essa nossa luta, a nossa possibilidade de mudar a realidade é agora. Queremos a cura da aids, mas até que ela venha, temos que trabalhar com todas questões que envolvem essa temática.

Hoje, conseguimos afirmar que é possível viver com HIV/aids, mas é muito melhor viver sem. Temos um leque de possibilidades de prevenção.

Que esse momento possa ser de alegria e também de conscientização. Como todos juntos, prevenidos e empoderados, podemos mudar a realidade. Estaremos no trio e no chão, você também pode participar. Venha estar conosco.

Viva a Parada e orgulho de ser quem somos.

 

* Eduardo Barbosa é coordenador do Mopaids (Movimento Paulistano de Luta Contra Aids) e representante dos movimentos sociais.