Em 29 de janeiro de 2004, um grupo de ativistas transgêneros foi ao Congresso Nacional se manifestar em favor da campanha “Travesti e Respeito”, em um histórico ato político em favor do respeito a diversidade de identidade de gênero no Brasil.

Lideranças pioneiras da causa, como Fernanda Benvenutty, Kátia Tabety e Keila Simpson estiveram na coordenação do movimento. Desde então, a data passou a ser utilizada para o Dia da Visibilidade Trans, uma afirmação da importância de dar visibilidade às pautas das pessoas transexuais e travesti.

O ato coincidia com uma ação do Ministério da Saúde, que à época buscava promover o cuidado contra infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), problema que historicamente acompanha a população transgênera — à margem do mercado de trabalho, pessoas transgêneras são frequentemente relegadas à prostituição como única forma de subsistência, o que as tornam mais vulneráveis a essas doenças.

Por que existe o Dia da Visibilidade Trans

Segundo o Senado Federal, “além de alertar sobre os números alarmantes relacionados à violência promovida por ódio e preconceito contra a população transexual”, a data busca algumas iniciativas, sendo as principais:

1 – promover reflexões sobre o respeito à identidade de gênero e à orientação sexual,

2 – garantir fácil acesso do sistema para que essas pessoas utilizem seu nome social

3 – assegurar tratamentos de saúde e acompanhamento de seus processos de transição de gênero

4 – promoção de políticas públicas para a inserção de transexuais e travestis no mercado de trabalho

Expectativa de vida é menos da metade da média nacional

Segundo a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), a expectativa de mulher transgênera ou travesti no Brasil é de apenas 35 anos, número que representa menos da metade da média nacional, que é de 76 anos.

O Brasil se manteve em 2021 como o país que mais mata pessoas transgêneras em todo o mundo, uma liderança mantida desde que o ranking começou a ser formulado em 2008. Só em 2020, foram 140 assassinatos de travestis e transexuais mapeados pelo dossiê da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra).

Data internacional ocorre em março

Iniciada a partir dos Estados Unidos em 2009, a comemoração do Dia Internacional da Visibilidade Trans, que engaja uma maior participação de entidades globais ligadas aos direitos humanos, ocorre anualmente em 31 de março.

A data se tornou oficial no calendário americano a partir de 2021, com uma decisão do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que é apoiador da causa da diversidade de identidade de gênero.

O que é uma pessoa transgênero

Transgênero é aquele que não se identifica com o gênero atribuído ao nascer. Portanto, uma mulher transgênera é uma pessoa que foi identificada com o o gênero masculino mas que se entende a partir do gênero feminino, por exemplo.

Cisgênero, por outro lado, é quem se identifica com o gênero atribuído no nascimento. As expressões cisgeneridade e cisnormatividade são utilizadas para representar o sistema de organização social que trata como normais apenas as formas de identidade alinhadas ao gênero de nascimento.

“O termo identidade de gênero se refere a maneira como reconhecemos o nosso gênero, que não necessariamente corresponde com o gênero que lhe foi atribuído no nascimento”, informa cartilha conjunta da organização TODXS Brasil e da Unaids, braço da Organização das Nações Unidas (ONU).

A transgeneridade contempla, além das formas mais conhecidas de ser um homem trans ou uma mulher trans, as pessoas não-binárias e as travestis, que são pessoas identificadas com o genêro masculino no nascimento mas adotam uma identidade feminina, sem, no entanto, escolherem se definir como homens ou como mulheres.

Redação da Agência Aids com informações