O médico Draurio Barreira, ex-gerente da tuberculose na Unitaid (Central Internacional para a Compra de Medicamentos contra a Aids, malária e tuberculose), agência global ligada à OMS (Organização Mundial da Saúde), assume a partir desta semana o novo Departamento de Vigilância de IST/Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde. O sanitarista vai comandar o Departamento que foi desmontado durante o governo de Jair Bolsonaro. A nomeação foi publicada no Diário Oficial da União.

Ele sabe que os desafios por aqui são muitos, como por exemplo os cortes no orçamento, mas acredita que o Brasil pode recuperar o protagonismo que teve no cenário da saúde global. “Eu acredito sinceramente nas metas de eliminação da Aids, da tuberculose, das hepatites virais como problema de saúde pública. Para isso precisaremos de financiamento adequado e articulação política, mas pode ter certeza, teremos propostas para cada uma delas”, disse em entrevista ao site Brasil de Fato.

Draurio Barreira é servidor concursado do Ministério da Saúde, formado pela Universidade Federal Fluminense (UFF) em 1987, com pós-graduações em Saúde Coletiva pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e Epidemiologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e University of South Florida.

Também foi o primeiro gerente do Programa de DST/Aids do município do Rio de Janeiro na década de 1990, chefe da Unidade de Vigilância Epidemiológica do antigo Programa Nacional de DST/Aids, do Ministério da Saúde, coordenador do Programa Nacional de Controle da Tuberculose, do Ministério da Saúde, e desde 2015 é gerente técnico sênior de tuberculose da Unitaid, agência de inovação em Saúde da Organização Mundial da Saúde (OMS), em Genebra.

“Penso na articulação de uma agenda interministerial que possa elevar a agenda de eliminação da Aids e das hepatites virais nas prioridades de governo”, disse em entrevista à Folha de S. Paulo. Para o gestor, “eliminação” é um termo possível e alcançável até 2030, conforme a meta proposta pela OMS. “Podemos ser o primeiro país em desenvolvimento a eliminar a tuberculose. Tenho muita clareza da factibilidade dessa meta de eliminação da doença como problema de saúde pública e da mesma maneira podemos pensar nas hepatites virais e na Aids”.

“O Brasil tem condições como poucos de liderar o movimento sanitário de forma muito ousada porque, diferentemente de quase todos os países, tem um sistema de saúde que provê o acesso universal. Isso é muito raro”, finaliza.