“A visibilidade, representatividade e o protagonismo são muito importantes na vida de pessoas transexuais e travestis, geralmente somos inviabilizadas no nosso dia a dia, mais somos capazes, somos mulheres políticas.” A afirmação é da ativista pelos direitos humanos Deborah Sabará, coordenadora de ações e projetos na Associação Grupo Orgulho, Liberdade e Dignidade (Gold). Ela foi a entrevistada da coluna “Senta Aqui com Marina Vergueiro” na noite da última segunda-feira (29).

A militante, que se identifica como travesti, acredita que a melhor abordagem da prevenção combinada ao HIV está totalmente relacionada com a educação entre pares. Por isso, vem atuando para levar a mensagem  Deborah apresentou na live a pluralidade de iniciativa de testagem e ações de prevenção focadas na população trans, em adolescentes, mulheres e LGBTQIA+.

A Prevenção Combinada é o conjunto de procedimentos e métodos disponíveis para evitar a transmissão e/ou infecção pelo HIV. Juntos, esses métodos e procedimentos compõem a chamada “Mandala” da prevenção combinada.

Deborah começou cedo no ativismo social. Aprendeu sobre o valor do voto aos 14 anos. Também se envolveu na luta dos povos indígenas negros e das mulheres. Sua formação política vem das comunidades eclesiais de base da igreja católica. “Na minha adolescência eu aprendi sobre a importância da luta, ela é muito árdua, precisamos focar e acreditar que o nosso trabalho vai mudar a vida das pessoas”, disse.

Um pouco mais tarde a ativista passou a se identificar como travesti. “O espaço da igreja católica não deu conta a minha transição”, contou. O seu processo de transição não foi fácil. “Somos agredidas verbalmente e fisicamente, isoladas, sentimos falta da família, da sociedade, os nossos direitos são negados todos os dias, inclusive o direito à saúde. Por falta de alternativas, me prostitui por muito tempo”, revelou.

Sobre a atuação na ONG Gold, instituição fundada em 2005 na cidade de Colatina, na região noroeste do estado do Espírito Santo, a militante contou que há muitos anos se dedica a luta contra aids e a favor dos direitos humanos no Espírito Santo. Seu engajamento na causa começou com o acolhimento de profissionais do sexo. “Cheguei nesta ONG através do movimento cultural e de participações como travesti em festas juninas e carnavais”.

Além de acolher pessoas em situação de vulnerabilidade social, ela também vem trabalhando com os mais jovens. “Quando assumi o conselho estadual de direitos humanos aceitei trabalhar com inspeção em sistema prisional e socioeducativo com adolescentes, há muitas dúvidas relacionadas ao HIV no sistema prisional. O estigma e a falta de conhecimento dos gestores sobre a pauta HIV são absurda, chega ser ultrapassado. Eu usava o conhecimento que tinha do movimento social para levar as informações nas visitas.”

Marina e Deborah conversaram por quase uma hora. Assista a live na íntegra:

 

Gisele Souza (gisele@agenciaaids.com.br)