O conhecimento das características de um vírus permite o desenvolvimento de tecnologias para o combate de doenças. Pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), que atuam na pesquisa do vírus monkeypox, causador da varíola dos macacos, obtiveram imagens nítidas do momento em que uma célula sofre o processo de degeneração após a infecção.
Em outro registro, obtido a partir de um microscópio eletrônico de transmissão, é possível observar de forma ampliada a estrutura da célula após a replicação viral. O microrganismo infecta a região celular do citoplasma, onde se encontra o núcleo, responsável por guardar o material genético da célula.
Após entrar no organismo, o vírus invade as células humanas com o objetivo de criar inúmeras cópias de si mesmo – momento importante do processo de infecção. Os pesquisadores da Fiocruz conseguiram registrar as partículas virais no processo de replicação no citoplasma da célula. O momento pode ser visto com ampliação da imagem em 40 mil vezes.
A partir das imagens, pôde ser verificado que, apesar do tamanho reduzido do vírus em relação à célula, ele é capaz de infectar a estrutura e se replicar com facilidade. O vírus monkeypox é cerca de 300 vezes menor que uma célula humana.
A pesquisa é coordenada pela chefe do Laboratório de Morfologia e Morfogênese Viral do IOC, Debora Ferreira Barreto Vieira, com colaboração das pesquisadoras Milene Dias Miranda, Gabriela Cardoso Caldas e Vivian Ferreira.
O projeto também conta com a parceria da equipe do Laboratório de Enterovírus, chefiado por Edson Elias, que atua como referência em diagnóstico laboratorial em monkeypox para o Ministério da Saúde, e que foi o responsável pela detecção viral na amostra utilizada no estudo.
Como prevenir a monkeypox
Até o momento, o Brasil registra 4.499 casos confirmados de varíola dos macacos, de acordo com o Ministério da Saúde.
As infecções foram detectadas nos estados de São Paulo (2.788), Rio de Janeiro (578), Minas Gerais (253), Distrito Federal (168), Goiás (189), Bahia (51),Ceará (48), Rio Grande do Norte (22), Espírito Santo (12), Pernambuco (24), Tocantins (2) , Amazonas (19), Acre (1), Rio Grande do Sul (77),Mato Grosso do Sul (19), Mato Grosso (20), Santa Catarina (88), Paraná (118), Pará (13), Tocantins (2), Alagoas (2), Maranhão (2), Paraíba (1), Piauí (3) e Roraima (1).
A principal forma de transmissão da varíola dos macacos é por meio do contato direto pessoa a pessoa, chamado de pele a pele.
O contágio pode acontecer a partir do contato com lesões cutâneas, crostas ou fluidos corporais de uma pessoa infectada, pelo toque em objetos, tecidos (roupas, lençóis ou toalhas) e superfícies que foram usadas por alguém com a doença, além do contato com secreções respiratórias.
O Ministério da Saúde recomenda evitar contato próximo com pessoas com suspeita ou diagnóstico da doença, além da higienização das mãos com água e sabão ou com álcool em gel antes de comer ou tocar no rosto como uma medida de prevenção.
Diante de algum sintoma suspeito (veja abaixo), as pessoas devem procurar atendimento médico em Unidades Básicas de Saúde (UBSs) ou Unidade de Pronto Atendimento (UPA) para avaliação.
A varíola dos macacos, na maioria dos casos, evolui sem complicações e os sinais e sintomas duram de duas a quatro semanas.
As manifestações clínicas habitualmente incluem lesões na pele na forma de bolhas ou feridas que podem aparecer em diversas partes do corpo, como rosto, mãos, pés, olhos, boca ou genitais. No entanto, o surto atual da doença tem apresentado características epidemiológicas diferentes, com sintomas que podem ser bastante discretos.
Na forma mais comum documentada da doença, os sintomas podem surgir a partir do sétimo dia com uma febre súbita e intensa. São comuns sinais como dor de cabeça, náusea, exaustão, cansaço e principalmente o aparecimento de inchaço de gânglios, que pode acontecer tanto no pescoço e na região axilar como na parte genital.
Já a manifestação na pele ocorre entre um e três dias após os sintomas iniciais. Os sinais passam por diferentes estágios: mácula (pequenas manchas), pápula (feridas pequenas semelhantes a espinhas), vesícula (pequenas bolhas), pústula (bolha com a presença de pus) e crosta (que são as cascas de cicatrização).
Fonte: CNN Brasil