Enquanto a 25º Parada do Orgulho LGBTQIA+ de São Paulo via tomando forma na Avenida Paulista, a jornalista Patrícia Palumbo e a drag Dindry Buck já estão apresentando a 19ª edição do Camarote Solidário da Agência Aids. “Quando cheguei vi duas mulheres, cada uma com um bebê. É bonito que a gente possa ver novas famílias com naturalidade”, disse a jornalista Patricia Palumbo. “A gente não quer nem mais nem menos, apenas sermos respeitados em nossas individualidades”, completou Dindry Buck.

O Camarote existe desde 2002 para incentivar a solidariedade e o orgulho LGBTQIA+ na Parada de São Paulo. A 19º edição traz como atração principal o engajamento e a musicalidade de Zélia Duncan. Idealizado pela jornalista Roseli Tardelli, diretora desta agência, o Camarote tem por objetivo arrecadar alimentos para as ONGs que acolhem pessoas vivendo com HIV/aids e pessoas em situação de vulnerabilidade.

Confira as primeiras fotos do Camarote e também da maior Parada LGBTQIA+ de 2022.

Roseli abriu o evento agradecendo os parceiros do Camarote e convidando o público a doar alimentos;

Patricia e Dindry aproveitaram para orientar o público do Camarote sobre o autocuidado e prevenção do HIV. ”Falando em doação, o QR Code está aí na tela e já vai direto para quem tem que ir. Nós vamos doar toda essa comida para instituições que trabalham com a questão do HIV, essas pessoas vivem em uma situação muito delicada e frágil, por conta do preconceito, a pessoa fica marginalizada e estamos aqui para ajudar”, disse Dindry, convidando o público a doar;

O diretor regional do Sesc São Paulo, Danilo Santos de Miranda, gravou uma mensagem em homenagem ao Camarote: “Meus amigos, gostaria de dizer algumas palavras a respeito desse momento. Em primeiro lugar, na celebração mais uma vez desse ‘Camarote Solidário’ da Parada Gay, dessa parada que reúne tanta gente que ao mesmo tempo se mostra, se aposenta, desfila, mas ao mesmo tempo, diz muita coisa. E diz coisas importantíssimas a respeito dessa luta incessante em favor de algumas causas comunitárias fundamentais. Gostaria de ressaltar a questão humanitária, de interesse humanitário, civilizatório, que significa o reconhecimento dessa igualdade absoluta de direitos de todas as pessoas de demonstrarem seus talentos, suas capacidades, seu jeito de ser, suas opções. Então, esse avanço civilizatório para nós é sempre algo fundamental. E essa percepção de que a igualdade absoluta de todos é fundamental para que a gente tenha uma sociedade melhor. Evoluímos, evoluímos, mas temos muito, muito que conquistar ainda, levantar então as questões relativas a essa discussão em torno de gênero, é algo que tem a ver com a verdadeira percepção da igualdade absoluta de todos os seres humanos mais uma vez. Nesse meio tempo, porém, nós temos muitos embates, muitas dificuldades a serem vencidas. Uma dela, ou talvez a maior delas, tem a ver com preconceito, tem a ver com as dificuldades da aceitação, tem a ver com a perseguição, e as dificuldades em um país como o nosso, que vai desmontando cada vez mais todas as suas estruturas voltadas para o reconhecimento da Igualdade, todas as suas estruturas voltadas para a valorização da cultura, para a valorização das pessoas, o respeito a todas as comunidades. É fundamental para nós hoje levarmos em conta que celebrar de um lado significa também discutir.”

“Vamos dominar o mundo de outra maneira? Vamos dominar o mundo com cuidado, com informação, com cultura e com afeto, que é muito mais bacana”, disse Patricia;

A comunidade LGBT ocupou a Paulista na luta em defesa dos direitos humanos;

O infectologista Vinícius Borges, criador do canal de saúde Doutor Maravilha, voltado para a população LGBTQIA+, está participando do Camarote Solidário da Agência Aids com vídeos sobre informações sobre saúde sexual e prevenção combinada.

O ativista Américo Nunes, fundador do Vida Nova, se juntou as apresentadoras e agradeceu o apoio do Camarote na doação de alimentos. “A fome também é uma epidemia crescente. O Instituto Vida Nova é uma porta aberta, para além das questões da sorologia positiva ao HIV, para pessoas em condição de vulnerabilidade. Em termos das políticas públicas de IST/aids, a gente ainda enfrenta a questão do conservadorismo e outra questão é que a aids está perdendo visibilidade na mídia.”

Neste ano, o movimento trans trouxe para a avenida a discussão sobre crianças trans;

Pessoas LGBTs, com deficiência, também ocuparam a Paulista na marcha pela visibilidade LGBTQIA+;

O deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP) também gravou uma mensagem saudando o Camarote Solidário.

“Olá, aqui é o Deputado Federal Paulo Teixeira. Estou aqui para parabenizar a Agência Aids pela realização do Camarote Solidário. Já são 19 anos de história fazendo um papel muito importante na prevenção, no acolhimento das pessoas que convivem com HIV/aids. Este ano o Camarote Solidário vai acontecer de forma virtual e vai recolher as doações através do link, do QR Code que já está sendo divulgado. Então, eu aproveito para reforçar o convite para que todos que puderem, ajudar fazendo uma doação. Assim, você estará ajudando as pessoas que estão em situação mais vulnerável. Parabéns pela organização e aproveite essa grande festa da diversidade. Um grande abraço!”

“A política é cotidiana. A mesma coisa que a gente tem falado de prevenção, de aceitação, afeto, tudo isso são práticas cotidianas. E a política é uma prática cotidiana. Sua postura tem que ser cidadã, consciente todos os dias. Não adianta pensar nisso só na hora de votar,” comentou Patrícia Palumbo.

A Secretária Municipal de Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo, Soninha Francine, também mandou um recado para o Camarote Solidário.

“Oi, eu sou a Soninha Francine, eu estou Secretária Municipal de Direitos Humanos e Cidadania, da cidade de São Paulo. Dá uma olhada nessa revista aqui, o “Camarote Solidário, 10 anos”. Essa revista é de 2012, olha o tanto de luta que a Agência Aids tem. Olha, aqui estava comemorando a arrecadação de 11 toneladas de alimentos, e a gente continua precisando fazer a arrecadação de alimentos, contar com a solidariedade, com o engajamento das pessoas. Então, eu estou aqui, em nome da Agência Aids, te convidando a fazer uma contribuição, tem um QR Code aí, por meio do qual você pode doar uma cesta de alimentos para atender pessoas em situação de vulnerabilidade, muitas das quais vivendo com HIV. Quanto mais alimentos doados, mais gente o ‘Camarote Solidário’ consegue atender, então… bora lá, participar.”

Pessoas do país inteiro festejam a festa da diversidade;

“Até cerca 2010, os LGBTQIA+ não eram representados de uma forma positiva na mídia. Era tudo caricatura. Então, a família assistia aquilo e dava risadas. Se você  não tem alguém que te representa de forma positiva, você não tem como ter uma referência, um exemplo. Aí, você já vai se reprimindo, a família te reprime, o entorno, a sociedade, o trabalho e aí você não tem como dar vazão, se aceitar e ser aquela pessoa que você vai ser”, comentou Dindry Buck.

Zélia Duncan se apresentou em um show acústico acompanhada pelo músico  Webster Santos.

”Zelia terminou lindamente com o refrão ”um dia vai ser bem melhor’, foi maravilhoso ela terminar assim num dia em que estamos falando sobre o orgulho LGBTQIA+, lembrando que a mulher trans nesse país, a mulher lésbica, trans, cis… a mulher de toda maneira é muito vítima de violencia e pré-conceito”, comentou Patrícia.

Mais uma importante participação, a Co-Vereadora da Bancada Feminista do PSOL em São Paulo Carolina Iara, deixa a sua saudação ao Camarote Solidário. 

“Oi, gente, eu sou a Carolina Iara, Co-Vereadora da Bancada Feminista do PSOL em São Paulo e também Pré Co-Candidata a Deputada Estadual também pela Bancada Feminista. Eu estou aqui para deixar meu axé e também a minha saudação ao Camarote Solidário da Agência Aids nessa parada do orgulho LGBTQIA+, que é um Camarote que vem há 19 anos trazendo a pauta da solidariedade, a pauta das pessoas vivendo com HIV e das pessoas que necessitam do básico, que é a alimentação. Então, a pauta da segurança alimentar tem sido um mote do Camarote Solidário e eu saúdo a existência, tanto da Agência de Notícias de Aids que é uma grande aliada do movimento social de aids, como também a importância que existe de nós estarmos ocupando as ruas com todas as letrinhas lá das LGBTQIA+. E nós tivemos aí desde quinta-feira atividades que fazem parte do calendário da diversidade e agora vamos a coroar com a Parada do Orgulho. Vamos juntas, juntos e juntes construindo este novo mundo e fazendo unidos a revolução que nós precisamos para essa sociedade tão injusta que nós temos. Obrigado! Axé!”

Roseli Tardelli, diretora da Agência Aids e idealizadora do Camarote Solidário, se junta às apresentadoras Patrícia Palumbo e Dindry Buck, para contar como surgiu a iniciativa. O escritório da Agência já era no Conjunto Nacional e a jornalista chamou alguns amigos para assistir, informalmente, a Parada. “No outro ano, eu pensei em chamar uns amigos para assistir e pedir para eles trazerem alimentos que a gente doa para as ONGs. A gente arrecadou cem quilos de alimentos. E assim foi indo”, contou Roseli.

“Não é pouca coisa o que o Brasil fez e faz com aids. Falta avançar, falar para outras tribos, sair da bolha”, ressaltou Roseli.

A Parada vista de cima com imagens captadas pelo drone da Agência Aids.

“Acho que a música brasileira, neste momento, está fortemente ligada à representatividade. Não está mais ligada a um estilo musical. Claro, sempre pós-tropicalista, bossa nova, tudo isso já se misturando, a diversidade é a realidade dentro da música brasileira, mas o que é mais forte neste momento é a representatividade”, disse Patrícia fazendo menção às cantoras Anitta e Pablo Vittar.

“Um dos méritos da Parada é fazer a questão da sexualidade sair do armário. Não é todo dia que tem Parada LGBT, mas é todo dia que tem exclusão e preconceito na rua para a gente brigar”, observou Roseli Tardelli.

O Camarote

O Camarote Solidário existe desde 2002, teve um intervalo de três anos, em 2013 e 2014, quando deu lugar ao Trio Solidário, e em 2020 ano que não aconteceu por conta da pandemia de covid-19. Até 2021, mais de 20 ONGs foram contempladas com as doações. Em sua última edição, o Camarote Virtual Solidário arrecadou 2,5 toneladas de alimentos e 10 instituições foram contempladas.

Esta edição do evento tem o apoio do SESC e Senac São Paulo, das farmacêuticas GSK ViiV Healthcare e Janssen e da Galeria 2001. Contamos também com uma parceria institucional da TV Cultura, que disponibilizou pílulas e informações sobre HIV e prevenção durante a programação convidando o público a doar alimentos e do Portal IG, que está transmitindo o evento na íntegra.

Saiba como doar a cesta básica

Você pode doar via QR Code, é só apontar a câmera do seu celular para a imagem e verificar o código com o próprio aparelho smartphone. O link é redirecionado a uma página específica de doação, onde você pode escolher quantas cestas doar.

Você também poderá doar clicando aqui.

 

Redação Agência de Notícias da Aids