Na noite da terça-feira (22), a TV Agência Aids trouxe a conversa “O impacto da saúde mental e emocional na pandemia”, originalmente apresentada no canal do Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas, com o apoio do Fundo Positivo. 

Regina Barbosa, integrante do MNCP e mediadora, abriu a conversa explicando que durante o período da pandemia da covid-19, os casos de depressão e outros adoecimentos aumentaram exponencialmente e as mulheres têm passado por pressões e sobrecargas de todas as ordens.

A psicanalista Fabrícia Lins ressaltou a importância em diferenciar a saúde emocional da saúde mental para tirar o peso da saúde mental, em geral associada pelas pessoas à loucura. Apesar de diferentes, as duas estão entrelaçadas. “Saúde emocional tem muito a ver com o estado de bem estar, a relação que a gente tem com as nossas emoções. A gente acaba não querendo olhar muito bem para esse estado emocional porque já foi muito batido que a gente precisa ter uma cognição boa, ser pró ativa, que precisa raciocinar, pensar e o emocional está associado com coisa de gente fraca. E não é. A saúde é um conjunto de corpo, mente, emoções, tudo junto e misturado, Esse equilíbrio emocional precisa ser estabelecido para que a nossa saúde mental possa estar equilibrada, bem estabelecida. A saúde mental tem haver com alguns transtornos, com a parte física, com o biológico, toda essa reação que a gente tem que acaba desembocando em ansiedade, depressão, estresse,” explicou.

“O meio em que nós estamos vai diretamente estar relacionado às nossas emoções. O meio influencia tudo isso, onde nós estamos, nossa casa, nossas relações, a gente não é um ser único, isolado, estamos a todo momento nos relacionando, mesmo que seja uma relação virtual,” acrescentou Rafaela Queiroz, psicóloga e integrante do MNCP. “As relações estão acontecendo, a gente está lidando com ‘n’ situações. Então, quando isso não está muito bem trabalhado, fluindo de uma forma mais leve, saudável, a gente vai ter um impacto na saúde mental. Então, elas estão relacionadas, mas é importante entender essas emoções.” 

Regina salientou a questão do estresse, do luto que muitos tem vivido, o isolamento social que não está sendo fácil e a sobrecarga de funções para muitas mulheres que trabalham e cuidam dos filhos.

Trazendo um pouco do perfil das mulheres vivendo com HIV, Rafaela observou que a maioria delas são “do lar. São mães, esposas, já viviam esse isolamento, por assim dizer, de uma estrutura machista mesmo. E também a própria questão do impacto da sorologia, que provocam uma maior dificuldade de fazer interações sociais, de sair, de conviver. Muitas ainda acreditam que não podem beber, se relacionar ou não conseguem. Tem esse processo de isolamento que não está muito claro em suas mentes, que vai acontecendo de forma inconsciente, mas que já colocava essas mulheres não exatamente isoladas, mas trazendo o conceito de distanciamento social. Por exemplo, a mulher em casa vai sair para ir ao mercado, à padaria, levar o filho na escola. É o momento em que ela vai ter essa relação com o outro, sair do seu espaço de isolamento para ter o convívio social. Mas a pandemia reforça esse estado de estar em casa porque o próprio medo, as incertezas sobre a nossa própria saúde enquanto mulher vivendo com HIV, se deram de uma forma mais pesada e voltou aquela ideia de que ‘eu não posso conviver com o mundo porque eu estou exposta, eu posso pegar isso e eu vou morrer, eu vou adoecer, e eu sou mãe, eu sou esposa…Aquela bola de neve sobre o conceito de medo, de se relacionar com o outro, fica muito mais à tona e se coloca no isolamento, de fato, psicológico e emocional em relação aos outros. A gente tem que entender que cada mulher vai vivenciar esse isolamento de uma forma diferente.”

As profissionais de saúde mental frisaram a importância de procurar ajuda quando se está passando por alguma questão que está afetando a saúde mental. O Sistema Único de Saúde oferece atendimento psicológico e psiquiátrico gratuitamente. 

Assista a live na íntegra abaixo:

https://www.youtube.com/watch?v=Fx6xCufok4M

 

Redação Agência de Notícias da Aids

 

Dica de entrevista:

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