Em 2019, o mundo registra os 38 anos da epidemia da aids, já que em 1981 foram notificados os primeiros casos da doença que na época afetava especialmente homens gays. Mas foi em 20 de maio de 1983 que o cientista Luc Montagnier, do Instituto Pasteur, na França, isolou pela primeira vez o vírus causador da doença – uma história que ficou marcada pela rivalidade com o americano Robert Gallo, então ligado ao Instituto Nacional do Câncer dos EUA.
Desde o início da década de 1980, Montagnier e Gallo estavam debruçados em estudos para descobrir o causador da doença, transmitida sexualmente e por sangue contaminado. Ambos sabiam que se tratava de um retrovírus e chegaram a trocar amostras. Alguns meses após o relato do cientista francês, em abril de 1984, os EUA divulgaram que Gallo havia descoberto o vírus da aids, e que ele seria diferente do identificado pelos pesquisadores franceses, que reagiram.
Descobriu-se, mais tarde, que o americano estava trabalhando com uma amostra que tinha sido contaminada no laboratório de Montagnier. No final das contas, o mérito da descoberta acabou dividido entre o Instituto Nacional de Saúde dos EUA e o Instituto Pasteur.
Só em 2008, contudo, que a disputa teve um ponto final, com a entrega do Nobel de Medicina a Montagnier e sua colega, Françoise Barre-Sinoussi. Os cientistas franceses foram gentis e disseram que Gallo era igualmente merecedor do prêmio. O americano também foi educado e parabenizou a dupla pela “honraria”.
Quase quatro décadas depois, a aids já causou a morte de mais de 35 milhões de indivíduos. Apesar dos avanços inegáveis no que se refere ao tratamento, prevenção e na qualidade de vida dos pacientes, o Unaids (Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids) alerta que há 36,9 milhões de pessoas vivendo com HIV/aids no mundo. E que, em países em desenvolvimento, ainda há muita gente sem acesso aos antirretrovirais. Em 2017, 21,7 milhões de pessoas tiveram acesso à terapia antirretroviral. Neste mesmo ano, a ONU registrou 1,8 milhão de novas infecções por HIV.
Ainds de acordo com o Unaids, o estigma e a discriminação estão entre os principais obstáculos para a prevenção, tratamento, cuidado em relação ao HIV. Pesquisas têm mostrado que o estigma e a discriminação prejudicam os esforços no enfrentamento a epidemia do HIV, ao fazer com que as pessoas tenham medo de procurar por informações, serviços e métodos que reduzam o risco de infecção e de adotar comportamentos mais seguros com receio de que sejam levantadas suspeitas em relação ao seu estado sorológico.
Por exemplo, uma pessoa pode deixar de usar um preservativo (ou não pedir para o parceiro/usar o preservativo) ou deixar de fazer um teste para o HIV em um posto de saúde, com medo de que suspeitem que ele ou ela tenha o HIV.
Redação da Agência de Notícias da Aids com informações