No Cairo, cerca de 300 estudantes de Medicina, representando 18 universidades de todo o Egito, reuniram-se em abril (21) para uma consulta pública sobre discriminação, HIV e acesso à saúde. Apoiado pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/aids (UNAIDS), encontro debateu como o estigma impede que os indivíduos vivendo com o vírus recebam cuidados adequados.

“As pessoas que vivem com HIV devem ter direitos e oportunidades iguais. Negar o acesso aos serviços de saúde é inaceitável”, afirmou Walid Kamal, diretor do Programa Nacional sobre Aids. Segundo o gestor, o evento foi uma oportunidade para compartilhar as atuais estratégias de enfrentamento ao preconceito nos sistemas de atendimento.

Durante a consulta, que contou com a presença de representantes da academia, sociedade civil, governo e do Sindicato dos Médicos, participantes concordaram que mecanismos de prestação de contas precisam ser aplicados para monitorar e avaliar as intervenções. Assim, será possível garantir que ações apropriadas sejam tomadas pelas autoridades competentes para lidar com as violações de direitos nos serviços de saúde.

Os gestores, especialistas e universitários também concordaram em priorizar o lançamento da Política do Ministério da Saúde e População pelo Fim do Estigma. Os participantes da consulta pediram ainda a inclusão de discussões sobre discriminação relacionada ao HIV na disciplina de ética, ensinada a todos os médicos que se formam no Egito.

Outra proposta acordada foi a liberação do acesso ao mecanismo de responsabilização e investigação do Sindicato dos Médicos do Egito para as organizações da sociedade civil e pessoas vivendo com HIV. Com isso, instituições e indivíduos poderão denunciar casos de discriminação.

“Estamos testemunhando uma oportunidade sem precedentes para abordar a discriminação nos serviços de saúde com apoio político e visão programática. Embora os recursos sejam escassos, contamos com o apoio dos estudantes de Medicina como os líderes de amanhã e com o poder do voluntariado para abordar essa questão”, avaliou Ahmed Khamis, diretor do UNAIDS no Egito.

As recomendações feitas durante a consulta foram endossadas pelo Programa Nacional sobre Aids e serão incluídas no plano de ação do Egito. O progresso na implementação das orientações será monitorado por um grupo com forte representação de pessoas vivendo com HIV.

Fonte: ONUBR