Os pacientes portadores de HIV encontraram dificuldades nos últimos meses para receber em Goiânia a medicação 3 em 1, principal remédio para tratamento da doença, distribuído gratuitamente na rede pública de todo o Brasil. Em Goiás, o principal centro de distribuição é o Hospital Estadual de Doenças Tropicais Dr. Anuar Auad (HDT), que enfrentou desabastecimento nos meses de fevereiro e março deste ano.
Após relatos de pacientes que pediram para não ser identificados, o Jornal Opção averiguou a situação na capital. De acordo com os depoimentos, a entrega dos remédios não estava sendo feita de forma integral. Mesmo com receita para quatro caixas, em média, apenas uma caixa era entregue por vez, obrigando os portadores da doença na capital a enfrentar filas todos os meses para conseguirem os comprimidos.
Um dos afetados com a restrição contou à reportagem que um motoboy até se especializou na busca dos medicamentos para quem não pode se descolar até o HDT todos os meses, o que resulta em custos para um tratamento que deveria ser totalmente gratuito.
Em resposta, o HDT admitiu que o estoque esteve reduzido no mês de março, mas afirma que, atualmente, o abastecimento está regular, conforme programação mensal.
Sobre as reclamações de entrega de apenas as doses mensais, e não trimestrais como normalmente ocorre, o hospital diz que a dispensação preconizada é para, no máximo, 90 dias de tratamento. “No mês de março, para atender um maior número de pacientes em uso do medicamento 3 em 1, foi adotado como estratégia a dispensação para 30 dias. Mesmo adotando tais medidas, passamos por desabastecimento desta co-formulação”, explica.
Segundo a unidade, o Ministério da Saúde, então, apresentou aos pacientes que não receberam os frascos a mesma composição do medicamento de forma dissociada (“2 em 1” + Efavirenz) até normalização do abastecimento. “Atualmente, o estoque encontra-se regularizado”, garantiu o HDT.
Desde o problema de abastecimento, para garantir que o estoque permaneça regular, a entrega está sendo realizada na unidade para 60 dias de tratamento. “Caso o formulário de dispensação do paciente esteja para mais de 60 dias de validade, o usuário fica com crédito para retirada posterior, sem necessidade de nova consulta médica”, explica a unidade de saúde.
Cenário nacional
Uma matéria feita pelo Intercept Brasil mostra que o desabastecimento afetou também outras capitais do país. Além de São Paulo, o 3 em 1 foi substituído pela combinação de comprimidos em Santa Catarina, Pernambuco, Ceará, Acre, Alagoas e no Rio de Janeiro. Em resposta à publicação, o Ministério da Saúde disse que “não há interrupção na assistência às pessoas com HIV, nem falta de antirretroviral em nenhum lugar do país”.
Fonte: Jornal Opção