Ribeirão Preto adotará HIV/aids como tema da Parada LGBT+ da cidade na edição de 2020. Com mais de 700 mil habitantes, Ribeirão é o oitavo em população no estado de São Paulo e, entre gays jovens de 20 a 24 anos, a taxa de detecção de HIV aumentou 1029% em dez anos. O evento espera levar para as ruas 30 mil pessoas no dia 28 de junho.
O presidente da ONG Arco Íris, Fábio de Jesus, que organiza o Carnagay, em fevereiro, e a Parada LGBT+, explica a importância de se abordar o tema no evento já que Ribeirão é também a segunda cidade com maior taxa de mortalidade por aids no estado de São Paulo. “Precisamos começar a dar importância para a questão da prevenção do HIV/aids principalmente na população LGBT. Precisamos mostrar que mata, mostrar os números, dar visibilidade para essa realidade.”
Fábio também conta que, ao contrário de outras regiões do país, o tema não encontrou resistência dentre os ativistas da cidade. “Muita gente apoiou porque encontramos uma forma de trabalhar prevenção, de falar de PEP e PrEP. O momento é agora.””
Sobre estigma e discriminação Fábio defende que “existe preconceito sobre o HIV/aids em todo lugar. Em Ribeirão Preto não é diferente. Enfrentamos muito preconceito, porque é uma cidade muito conservadora. É uma cidade que já matou muitos LGBTs e a gente não tem um órgão específico que atende essa população. A maioria que sofre discriminação não vai à delegacia por medo”, diz ao relatar que, desde a nova gestão municipal, a Parada perdeu financiamento.
Luta contra o vírus
Em visita ao município, o presidente do Fórum de ONGs Aids do Estado de São Paulo, Rodrigo Pinheiro, se reuniu com a coordenadora do Programa Municipal de DST/Aids, Tuberculose e Hepatites Virais, Lis Neves, e discutiu as dificuldades de atendimento dos serviços de saúde pública no município. “Diante da aposentadoria e desligamento de diversos profissionais, e a não realização de concurso público para reposição, há uma dificuldade de atendimento em diversos setores, como testagem e prevenção, além disto o ambulatório de rua, que atende também a população trans, está sendo prejudicado,” analisou o ativista.
Em relação ao fornecimento de medicamentos para HIV/aids, não há falta mas o estoque está em situação critica de distribuição com garantia de apenas um mês, sem estoque estratégico. Outros pontos como população em situação de rua e população trans em vulnerabilidade foram consideradas pautas que devem envolver politicas sociais.
Ribeirão Preto, por ser um dos poucos municípios com descentralização de recursos das ONG, deve lançar em breve um novo edital de aplicação de projetos, onde a sociedade civil deve contribuir em sua elaboração priorizando as populações mais vulneráveis a infecção.
Redação da Agência de Notícias da Aids