O 1º Seminário Internacional Sobre Direitos Sexuais, Reprodutivos, HIV e Deficiências começou na noite dessa quarta-feira (7). Especialistas, representantes do governo, do movimento de pessoas vivendo com HIV/aids e dos movimentos de pessoas com deficiência se reuniram a fim de formar uma agenda consolidada na busca de garantia e ampliação de seus direitos.

“Trabalhar na busca de como exercer sua saúde sexual, sobretudo entre adolescentes e jovens, populações onde encontramos maior vulnerabilidade. Temos o compromisso com a saúde sexual de pessoas com deficiência tem especificidades que muitas vezes não são contempladas”, afirmou Caio Oliveira, assessor de HIV e Juventude do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA).

Ele também relembrou a conquista representada pela Lei de Inclusão que aborda o exercício pleno de saúde sexual e reprodutiva, garantindo o direito da pessoa com deficiência exercer sua vida sexual de forma saudável.

Sobre o atual cenário político, Caio diz ter notado abatimento da sociedade civil. “Temos marcos legais fundamentais. Não podemos desanimar. Não podemos nos curvar diante das dificuldades. A sociedade civil é fundamental e precisa ser participativa. Precisamos consolidar documentos importantes e buscar nossos direitos, e o direitos das outras pessoas. Exigir da sociedade e do governo que possa haver uma vida digna para todos.” 

Sérgio Meresman, do Instituo Iberoamericano de Desenvolvimento Inclusivo destacou as mulheres jovens que muitas vezes é ignorada no âmbito das pessoas que vivem com HIV/aids. “Muitas pessoas que vivem com HIV também vivem com algum tipo de deficiência, ou adquirem deficiência devido aos efeitos dos tratamentos. Por isso, a importância de estratégias de ajuda mutua que, as vezes, conseguem ser mais eficazes do que as próprias políticas públicas existentes”, diz. 

Kátia Edmundo, do Centro de Promoção da Saúde, falou da busca sobre o duplo olhar, de pessoas que vivem com HIV e adquirem deficiência. Ela ressaltou a existência de um movimento forte na busca de saber “quantos somos, onde estamos. A ideia é que possamos também cobrar medidas, desde braile nas embalagens de camisinha, até colocar pessoas com deficiência nos materiais que tratam de sexualidade do Ministério da Saúde. Não é nada especial, espera-se ser incluído.”

Kátia afirmou que  o ministério da Saúde não tem qualquer dados que represente a intersecção entre sexualidade e pessoas com deficiência. Nesse sentido, o objetivo do central do seminário é construir um documento assinado para servir como ferramenta de advocacy a fim de dialogar com governo e sociedade para promover e assegurar o direito dessas pessoas.

 

Jéssica Paula (jessica@aenciaaids.com.br)