Dez ONGs/aids que atendem à população carente com HIV/aids e LGBTI+ na cidade de São Paulo retiraram, nesta segunda-feira (24), na Associação Paulista Viva, os alimentos arrecadados na 17ª edição do Camarote Solidário. Cerca de 600 pessoas passaram pelo evento no domingo (23), no Parque Mario Covas. Cada uma doou seis quilos de mantimentos na entrada do evento.

Ao todo, 3,5 toneladas de alimentos não perecíveis foram recolhidos: arroz, óleo, açúcar, macarrão, farinha de trigo e farinhas em geral, feijão, lentilha, café, molho, sal, leite, entre outros.

A primeira ONG a receber a doação foi o Epah (Espaço de Prevenção Humanizada), da zona sul de São Paulo. O representante da instituição retirou os alimentos nesta manhã. “O Camarote Solidário conseguiu se superar mesmos com as adversidades. A entrega dos alimentos é a prova viva de que a solidariedade sempre vencerá e fará com que duas dezenas de crianças e um imenso grupo de adolescentes tenham o que comer”, disse José Araújo Lima, presidente da Epah.

A equipe do CRD (Centro de Referência da Diversidade) chegou em seguida, por volta das 12h e ficou feliz com a doação. “Para o Grupo Pela Vidda São Paulo e CRD receber a doação de alimentos do Camarote Solidário sempre é muito importante. Essa doação colabora no dia a dia da instituição porque oferecemos comida para a população atendida. Além disso, montarmos cestas básicas para os mais necessitados, em situação de rua, sempre na lógica da temporalidade para que as pessoas possam encontrar caminhos para sua sub-existência”, explicou Eduardo Barbosa, coordenador do CRD.

Outra ONG que retirou os alimentos nesta segunda-feira foi o Gapa (Grupo de Apoio à Prevenção a Aids de São Paulo) São Paulo, liderado pela advogada Áurea Abbade. Ela explicou que os mantimentos vão ajudar na alimentação de muitas famílias carentes que frequentam a organização. “Quero agradecer a equipe da Agência Aids, através da Roseli, por toda ajuda ao Gapa. Os alimentos doados tem nos ajudado muito, vamos conseguir montar cestas para as 39 famílias que ajudamos mensalmente”, comemorou Dra. Áurea.

No começo da tarde foi a vez do Projeto Bem-Me-Quer, que atende pessoas vivendo com HIV em Perus, na zona norte de São Paulo, receber as doações. A ONG retirou parte dos alimentos pela segunda vez. “Nós, do Projeto Bem Me Quer, estamos imensamente gratos com a Agência de Notícias da Aids pela doação dos alimentos. Essa contribuição representa a possibilidade de atender cerca 40 famílias atendidas, que residem na periferia da zona norte e municípios vizinhos, como Franco da Rocha, Francisco Morato, Osasco, locais com alto índice de vulnerabilidade social e esquecido do poder público. O trabalho da Agência Aids vai para além do compromisso com as notícias e informações relacionadas às aids, a Agência tem compromisso com a causa e responsabilidade social. Parabéns por todo empenho e trabalho!”, disse Margarete Preto.

O Instituto Vida Nova e o GIV (Grupo de Incentivo à Vida) estão entre as ONGs contempladas na 17º edição do Camarote Solidário e já receberam alimentos. “O Camarote muito tem contribuído para os menos favorecidos, em especial, para as famílias assistidas pelo Instituto Vida Nova. Ações como esta nos dá a credibilidade e responsabilidade em compartilhar os alimentos para uma população carente do extremo leste do município de São Paulo. Diante de tantas dificuldades, estes alimentos chegam na melhor hora, muitas famílias serão contempladas. Só temos a agradecer por mais um gesto solidário da Agência de Notícias da Aids”, disse Américo Nunes Neto, fundador da instituição.

“O Camarote é espaço de solidariedade em prol de uma causa, que é a luta por direitos humanos. Direitos Humanos de pessoas vivendo com HIV/aids, de LGBTI+, de mulheres, entre outros. Esperamos que, enquanto necessário, possamos contar com a Agência Aids”, comemorou Claudio Pereira, presidente do GIV.

A Casa 1,  a Casa Florescer, o Projeto Lá Em Casa e o Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto receberam a parte dos alimentos pela primeira vez.

“Atrelar iniciativa com ações de doação é extremamente importante não só para a Casa 1 como para o processo cultural do país. Não somos culturalmente acostumados em doar o que gera um problema muito grande pro terceiro setor e pro próprio estado levando em conta que as ONGs são muitas vezes os lugares em que nascem políticas públicas e a mudança estrutural”, disse Iran Gust, da Casa 1.

“Agradecemos a doação. Essa comida será destinada a Casa Vida II, ao Centro São Martinho de Lima e aos pacientes assistidos pelas equipes do Consultório na Rua. Muitas famílias vão receber comida através desta ação maravilhosa. As ações têm contribuindo cada vez mais com o nosso trabalho. Gratidão!”, disse Marta Marques, do BomPar.

Da Casa Florescer, que atende 30 mulheres transexuais e travestis no centro de São Paulo, Alberto Silva  agradeceu a colaboração e dedicação.  “Ficamos emocionado em receber pela primeira vez os alimentos do Camarote Solidário. Atitudes como essa faz toda diferença e nos faz acreditar que existem pessoas que acreditam no próximo e transformam vidas.”

A equipe do Lá em Casa também comemorou. “Ficamos muito felizes em receber também os alimentos arrecadados do Camarote Solidário. É uma retroalimentação de solidariedade em todas as ações que realizamos”, disse Roseli Tardelli, responsável pelo Lá Em Casa.

Conheça o trabalho das ONGs contempladas na 17ª edição do Camarote Solidário:

Instituto Vida Nova: O Instituto Vida Nova Integração Social Educação e Cidadania é uma organização não governamental com experiência desde 2000 em prevenção e assistência às populações em situação de maior vulnerabilidade para Infecções Sexualmente Transmissíveis, HIV/aids e hepatites virais. Atualmente, 835 pessoas vivendo com HIV estão cadastradas na instituição, sendo participantes das atividades dos projetos em execução.

Centro de Referência e Defesa da Diversidade: O Centro de Referência e Defesa da Diversidade (CRD) é um espaço público destinado ao acolhimento e à inclusão social da população LGBT: lésbicas, gays, homossexuais, bissexuais, travestis e transexuais.  A iniciativa pioneira é uma parceria do Grupo Pela Vidda/SP, que está à frente do CRD desde 2008, com a Prefeitura de São Paulo.

Espaço de Prevenção e Atenção Especializada: Fundada em 1994, em São Paulo, a Associação Espaço de Prevenção e Atenção Humanizada é uma organização não-governamental brasileira que atua na promoção da saúde, prevenção e cuidados para o HIV/aids e na defesa dos direitos humanos de crianças e adultos vivendo com HIV/aids no Brasil. Atualmente desenvolve o Programa “Quero Fazer” de aconselhamento e testagem voluntária (ATV) anti-HIV para gays, HSHs e travestis em cinco cidades brasileiras (Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Fortaleza) e o Projeto “Tipo Assim” voltado à orientação em sexualidade e prevenção de ISTs para adolescentes.

Gapa: O Gapa-SP iniciou suas atividades oficialmente em abril de 1985 e foi a primeira organização de base comunitária voltada especificamente às questões referentes ao HIV/aids  no Brasil e América Latina. Até o final dos anos 80, foi a única organização na cidade de São Paulo a dar suporte, psicológico, social e jurídico às pessoas infectadas pelo HIV e umas das poucas no país. Atua na prevenção da transmissão do HIV/aids e discriminação das pessoas vivendo do HIV.

Projeto Bem Me Quer: O Projeto Bem-Me-Quer teve seu início em 1º de dezembro de 1996 e é uma entidade civil, sem fins lucrativos, de atenção às pessoas vivendo com HIV/aids e seus familiares em situação de vulnerabilidade socioeconômica. Atualmente, assiste cerca de 140 pessoas. Desenvolve ações de combate à exclusão e à discriminação objetivando o resgate da autoestima e da dignidade da pessoa humana, criando condições para o exercício da cidadania, promoção da saúde e reinserção social.

Casa 1: A Casa 1 é uma organização localizada na região central da cidade de São Paulo financiada coletivamente pela sociedade civil. Conta com três frentes principais: república de acolhida para pessoas LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros) expulsas de casa por suas orientações afetivas sexuais e identidades de gênero; um centro cultural, o Galpão Casa 1, que conta com atividades culturais e educativas gratuitas; e a Clínica Social Casa 1, que oferece atendimentos psicoterápicos, atendimentos médicos pontuais e terapias complementares, sempre com uma perspectiva  humanizada e com foco na promoção de saúde mental, em especial da comunidade LGBT.

Grupo de Incentivo à Vida: Instituição sem fins lucrativos que luta pelos direitos das pessoas vivendo com HIV/aids e das populações mais vulneráveis à infecção pelo HIV. Com seu trabalho e as parcerias que estabeleceu, o GIV contribui para o crescimento e fortalecimento das respostas comunitárias de combate à aids. Sempre estiveram envolvidos técnica e politicamente na maior parte das decisões e reivindicações que são importantes para as pessoas vivendo com o vírus. Produzem publicações regulares a respeito de Pesquisa de Vacinas Anti-HIV e Novas Tecnologias de Prevenção.

Bompar: O Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto foi fundado em 1946 no bairro do Tatuapé, na zona leste de São Paulo, e desenvolve ações de formação e capacitação profissional para a geração de renda a mulheres menos favorecidas. Hoje, com 72 anos de existência, atende aproximadamente 10.000 pessoas por dia em 54 unidades,  entre crianças, adolescentes, jovens, famílias, adultos em situação de rua e idosos.

Casa Florescer: Localizado no bairro do Bom Retiro, o Centro de Acolhida Florescer foi criado em 2015, sendo o primeiro serviço com a proposta de atendimento exclusivo ao público LGBT em todo o Brasil. A casa tem capacidade para acolher apenas 30 pessoas e conta com 16 profissionais para incentivar a autonomia dos acolhidos, garantir reinserção e promover maior visibilidade social.

Lá em Casa: O projeto é um espaço localizado na Zona Norte de São Paulo que oferece gratuitamente às pessoas que têm HIV e aids, acesso a um programa de exercícios físicos de caráter preventivo e terapêutico. Além disso, disponibiliza aulas de ioga, sessões de craniopuntura, rodas de conversa e atividades culturais.

O Camarote Solidário 2019 é uma realização da Agência Aids em parceria com a Secretaria do Verde e Meio Ambiente de São Paulo e tem o apoio da GSK ViiV Healthcare, da Gilead, da Merck, da DKT do Brasil, da Secretaria de Segurança Urbana, da Associação da Parada do Orguljo GLBT, do Unaids, da Paulista Viva e da Via TV.

Redação da Agência de Notícias da Aids