Representantes do movimento social de luta contra a aids e infectologistas pediram, nesta quinta-feira (10), a permanência da médica Adele Benzaken na direção do Departamento de IST, Aids e Hepatites Virais, do Ministério da Saúde. “Ela é responsável por grandes avanços para melhorar a qualidade de vida das pessoas vivendo com HIV/aids e diminuir o impacto social da epidemia.
Em sua gestão, o Brasil voltou a ser referência mundial no enfrentamento da aids”, afirmou o infectologista José Valdez Madruga, pesquisador de vários estudos clínicos no Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids de São Paulo e coordenador do Comitê de Aids da Sociedade Brasileira de Infectologia.
Valdez lembrou ainda que foi na atual gestão que “o Brasil se tornou o primeiro país da América Latina a disponibilizar a PrEP no SUS, o que motivou um editorial no Lancet. Outro ponto em destaque foi a disponibilização do dolutegravir para o tratamento de todas as pessoas vivendo com HIV. Por tudo isso, será muito bom se a dra. Adele Benzaken continuar liderando o Programa Brasileiro de Aids”, completou.
A permanência da gestora no cargo também foi defendida pelo movimento social. O Foaesp (Fórum de ONG/Aids do Estado de São Paulo) protocolou na manhã desta quinta-feira (10), no Ministério da Saúde, em Brasília, ofício direcionado ao ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, defendendo a política de aids brasileira e a manutenção de Adele à frente do Departamento de Aids.
Na defesa da política brasileira de aids, o documento de duas páginas contextualiza a resposta nacional e argumenta pela manutenção nominal da diretora do DIAHV salientando a expansão da PEP e a introdução da PrEP no Brasil, além de contribuir para difundir o conceito de “indetectável = intransmissível” na campanha alusiva ao Dia Mundial de luta contra a Aids, incentivando a adesão ao tratamento e protegendo a sociedade.
“Atualmente, temos disponíveis no País tratamentos muito eficazes para as pessoas vivendo com HIV e aids e também prevenção com preservativos e medicamentos, como a profilaxia pré-exposição ao HIV e a profilaxia pós-exposição ao HIV (PEP). Eles foram garantidos com a mobilização das PVHA, de ativistas, de profissionais de saúde, de advogados, procuradores e juízes, de legisladores, de funcionários e autoridades de saúde dentro do marco do Sistema Único de Saúde (SUS)”, diz um trecho do documento.
O Foaesp destacou que o “HIV não é somente um tema de saúde, é também um tema social. É necessário enfrentar o preconceito e a discriminação que sofrem as pessoas vivendo com HIV/aids e as populações mais vulneráveis ao HIV, entre as quais estão gays e homens que fazem sexo com homens, mulheres trans (travestis e transexuais), população privada de liberdade, usuários de substâncias ilícitas e trabalhadores e trabalhadoras do sexo.” (Leia mais)
Na mesma linha, a Anaids (Articulação Nacional de Luta Contra a Aids) – coletivo que reúne representações dos Fóruns Estaduais de ONG/aids, Redes e Movimentos de Pessoas Vivendo com HIV/Aids, saiu em defesa da política de aids e da permanência da gestora. “Vivemos um momento em que a saúde tem sido apontada em muitas pesquisas como sendo a maior preocupação dos brasileiros, e em se tratando da população vivendo com HIV/aids, essa inquietação é ainda maior. Não podemos adormecer diante de uma epidemia que se aproxima de um milhão de casos e mais de 350 mil mortes desde 1980 no Brasil. Problematizar a questão da aids, é compreende-la dentro da concepção mais ampla que a mesma se apresenta, respeitando seus aspectos tanto no campo da saúde como na área social”, diz um trecho do ofício endereçado ao ministro da Saúde.
De acordo com a Anaids, “O enfrentamento à epidemia de aids é responsabilidade de todas e todos nós, ninguém pode ser deixado para trás”. (Leia do documento na completo aqui)
Redação da Agência de Notícias da Aids