No Amapá, só nos últimos dez meses, 94 casos de sífilis congênita, aquela que passa de mãe para o bebê, foram identificadas. São cerca de 10% a mais que em 2018, quando foram registrados 87 infectados. Os dados da Superintendência de Vigilância em Saúde (SVS) revelam ainda que o estado vive uma epidemia da doença.
Atualmente, são 281 gestantes detectadas com a doença, o que representa mais da metade do total de casos de sífilis no estado, que é de 380. Macapá e Santana lideram, com 69 e 13 pessoas, respectivamente.
Um encontro nesta sexta-feira (25), com a participação de estudantes e profissionais da área de saúde discutiu a prevenção e o combate. O 2º Seminário de Enfrentamento à Sífilis falou da epidemia que o país vive.
De acordo com o chefe da Unidade de Doenças Transmissíveis da SVS, Gabriel Miranda, os números aumentam a cada ano e estão mais visíveis por causa da facilidade em fazer os testes.
“São vários fatores que contribuem para o crescimento desses dados, como a atenção primária, um diagnóstico mais rápido, acessibilidade de testes e o parâmetro de pessoas aceitarem a fazer o tratamento”, explica.
O técnico responsável pela coordenação em doenças sexualmente transmissíveis da SVS, Florinaldo Pantoja, diz que a doença é transmitida por uma bactéria por meio de relação sexual e de forma congênita, que gera uma infecção, começando com feridas e que a longo prazo pode afetar órgãos vitais do corpo humano, como cérebro e coração.
“No começo ela apresenta uma lesão no órgão genital, depois ela desaparece e dá a impressão de que foi curada, mas a doença continua evoluindo, apresentando posteriormente manchas no corpo, até chegar na última fase, que afeta osso, sistema nervoso e cardiovascular”, detalha.
Apoiador de enfrentamento da sífilis do Ministério da Saúde, Sandro Mendes, conta que a entidade montou uma rede de 52 apoiadores que disseminam protocolos e diretrizes em todo o Brasil com estratégias de integração entre vigilância em saúde e atenção básica para diminuir os casos de sífilis adquiridas de gestantes e congênitas.
“Para se prevenir, é muito importante o uso de preservativos, uma boa higienização após as relações sexuais e realizar os testes rápidos, pelo menos uma vez ao ano para a população em geral. A sífilis tem cura por meio da penicilina, que é um método doloroso, mas muito efetivo na cura da doença”, finaliza Mendes.
Diagnóstico e tratamento
Para saber se a pessoa tem a doença, basta se dirigir a qualquer unidade básica de saúde (UBS) e solicitar os testes rápidos, que detectam sífilis, entre outras doenças como HIV. Caso o resultado dê positivo, o profissional de saúde poderá solicitar outros testes para acompanhar o diagnóstico.
O tratamento é bastante simples e eficaz, por meio do uso de penicilina, um forte antibiótico. Deve sempre ser feito em conjunto com o parceiro ou parceira.
Fonte: G1